Juventude lusófona une-se pelo ambiente
O Grupo de Trabalho de Juventude do Fórum das Cáritas Lusófonas assinalou o Dia Mundial do Ambiente com um webinar internacional, que aconteceu no dia 5 de junho, reunindo jovens de diferentes países lusófonos. O objetivo foi refletir sobre os desafios ambientais e a sua interligação com temas como a insegurança alimentar e a migração forçada, promovendo também a partilha de boas práticas locais que estão a ser desenvolvidas por jovens para enfrentar estas problemáticas.
A sessão teve início com uma breve introdução sobre a importância desta data, celebrada desde 1973, que representa uma oportunidade global para reforçar o compromisso com a preservação ambiental, envolvendo governos, empresas, organizações e cidadãos. O tema definido para 2025 — “Combater a poluição por plástico” — convida todos os setores da sociedade a adotarem práticas sustentáveis e a contribuírem para uma mudança real no modo como o plástico é produzido e utilizado.
Após a apresentação do evento e do Grupo de Trabalho de Juventude — que procura dar centralidade à participação jovem no voluntariado e nas causas sociais —, ouvimos o testemunho inspirador de José Maria Langa, técnico do ObservA (Observatório Ambiental para Mudanças Climáticas, Moçambique). Langa destacou o papel central das alterações climáticas nas crises alimentares e nas migrações forçadas, alertando para os desafios que estas colocam nos locais de acolhimento. Mencionou fenómenos extremos vividos em Moçambique, como os ciclones Idai e Kenneth (2019), Freddy (2023) e Chido (2024), bem como as longas secas no sul do país. Apresentou ainda a metodologia RETA (Responsabilidade, Educação e Tecnologias Ambientais), que propõe um modelo de ação assente em três pilares: a responsabilização comunitária e institucional, a educação ambiental para a resiliência e a implementação de tecnologias ambientais sustentáveis.
O momento mais aguardado do webinar foi a partilha de experiências por parte dos jovens dos vários países lusófonos — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal — que colaboram com as Cáritas locais, seja como voluntários ou técnicos. Entre as iniciativas apresentadas, destacam-se:
- Criação de reservatórios de captação de água da chuva
- Desenvolvimento de hortas comunitárias e escolares;
- Formação em técnicas de agricultura sustentável;
- Sensibilização contra práticas prejudiciais, como as queimadas;
- Reflorestação e promoção do plantio de árvores;
- Apoio a negócios sustentáveis e alternativos;
- Promoção de culturas agrícolas adaptadas às alterações climáticas;
- Ações educativas nas escolas sobre o cuidado com a “casa comum”;
- Sensibilização para a gestão adequada de resíduos.
O webinar terminou com um espaço de reflexão e diálogo sobre os testemunhos partilhados. Os participantes reforçaram a importância de criar mais espaços de encontro e troca entre jovens, destacando a urgência do trabalho de advocacia junto dos governos para a implementação de políticas ambientais justas, que nunca separem justiça ambiental da justiça social.
Foi ainda sugerida a criação de uma sebenta digital de boas práticas, que reúna as diferentes experiências partilhadas e que possa inspirar outras comunidades e organizações a agir em prol do ambiente.