Conclusões do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa de Fevereiro de 2010
No Centro Apostólico do Sameiro, Braga, realizou-se, de vinte e seis a vinte e oito de Fevereiro de 2010, o primeiro Conselho Geral da Cáritas Portuguesa deste Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social com a presença de dezoito Cáritas diocesanas das vinte existentes em Portugal.
– Na presidência dos trabalhos esteve o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo. Este encontro contou também com a presença do arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, de D. Manuel Linda, bispo auxiliar desta arquidiocese, e de José Magalhães, membro do Secretariado da Cáritas Brasileira.
– Ao longo destes três dias, os participantes reflectiram sobre o papel que a Cáritas Portuguesa e as Cáritas Diocesanas deverão desenvolver no auxílio aos mais necessitados no Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social. Só com a sabedoria evangélica e caminhos de esperança, estes organismos eclesiais responderão aos malefícios da globalização e às novas formas de pobreza que nascem, frequentemente, nas comunidades paroquiais.
– O estímulo mútuo pela troca de respostas aos enormes problemas sociais constitui um dos objectivos deste encontro promotor da fantasia da caridade. Descobrir uma estratégia para a multiplicação dos grupos paroquiais é um trabalho de paciência. No entanto, os representantes assumiram que é fundamental operacionalizar no terreno concreto as convicções que norteiam as direcções diocesanas.
– Todavia, neste mundo desestruturante, o trabalho silencioso, mas bem visível, das Cáritas têm um papel importante para que o ser humano seja o protagonista, o centro e o fim de toda a vida económico-social. A macrocaridade ou a caridade organizada é fulcral para a diminuição das desigualdades sociais.
– Numa sociedade onde os gestores de topo ganham mais num dia do que alguns agricultores num ano, a Igreja reconhece o labor e a pedagogia que a Cáritas imprime nas suas acções: ajuda os cristãos a descobrir os múltiplos géneros de pobreza, fomenta o voluntariado e concilia a solidariedade com a justiça.
– No domínio das acções relevantes, os membros das Cáritas diocesanas expuseram uma panóplia de actividades realizadas nos territórios eclesiais:
– Apoio a famílias desestruturadas.
– Inserção e desenvolvimento de competências sociais dos jovens.
– Aposta no desempenho do professor/tutor.
– Auxílio a crianças desprotegidas em Portugal e em países lusófonos.
– Acompanhamento de mães grávidas em risco.
– Animação de rua em bairros problemáticos
– Formação em várias áreas.
– Combate à exclusão social.
– Parcerias com entidades civis e com Cáritas da vizinha Espanha.
– Trabalho no domínio inclusivo com imigrantes e ciganos
– Atendimento e aconselhamento a desempregados- Colónias de férias para crianças
– Lojas solidárias
– Projectos de apoio à vida
– Acompanhamento de pessoas cuja pena foi comutada em trabalho comunitário.
– Auxílio a toxicodependentes e a pessoas portadoras de deficiência.
– Assistência a estudantes lusófonos
– Continuar, inovar e potenciar a dimensão caritativa e social da vida cristã são tarefas prementes das Cáritas diocesanas. Apesar de se encontrarem obstáculos no trajecto, estes agentes sócio-caritativos não devem desistir, mas empenhar-se cada vez mais no serviço da caridade.
– A realidade actual vive uma crise sistémica e não apenas económica. Segundo o conferencista, José Magalhães, a situação atingiu uma magnitude que não dá para continuar esta civilização. Depois de apresentar as desigualdades existentes e a encruzilhada civilizacional no mundo, o membro da Cáritas Brasileira alertou os representantes portugueses para os pilares que ajudarão a destruir o mito do consumo e a diminuir a pobreza que aumenta constantemente.
«Resgatar a dimensão pública do Estado», «Reduzir a jornada do trabalho», «Favorecer a mudança do comportamento individual», «Repensar a lógica dos sistemas tributários», «Facilitar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis» e «Democratizar a comunicação» foram algumas propostas apresentadas pelo conferencista e que ajudarão a minorar os desequilíbrios contemporâneos.
– As Cáritas diocesanas mobilizaram-se para divulgarem a petição contra a pobreza, no âmbito da campanha «Acabar com a Pobreza já!». Foi divulgado também o site desta iniciativa e dos vários materiais de apoio.
– A acção social da Igreja não deverá ser apenas uma alínea da pastoral. Faz parte da missão da Igreja. Sem perder a sua identidade, a Cáritas deve estar preparada para as contingências que ocorrem quando menos se espera.
– Quanto aos programas diocesanos para assinalar o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, a maioria das dioceses está sensibilizada para esta problemática. Elencaram-se várias iniciativas: candidatura a projectos, workshops, parcerias com entidades civis, jornadas de reflexão, realização de actividades de rua, exposições, publicação de subsídios sobre esta temática, acções de formação sobre Doutrina Social da Igreja e promoção de actividades lúdicas.
– Como, no próximo mês de Maio, Portugal irá receber Bento XVI, a Cáritas Portuguesa irá, com ajuda de outras entidades, publicar opúsculos sobre o pensamento social do Papa. Estes subsídios deverão conter pistas de reflexão que ajudarão a motivar os agentes sociais na sua caminhada profética.
– Durante os trabalhos do Conselho Geral da Cáritas ocorreu uma catástrofe no Chile. Desde logo e através do seu fundo de emergência internacional, a Cáritas disponibilizou 50 mil Euros para as vítimas chilenas e está fraternalmente unida com aquele povo do continente americano.
– Os representantes da Cáritas Diocesana do Funchal relataram os acontecimentos vividos pelos habitantes daquela ilha e os rastos de destruição causados pelo temporal. Foram disponibilizados, imediatamente, 25 mil Euros e continua aberta a conta no Montepio Geral «Cáritas Ajuda a Madeira». As Cáritas Diocesanas foram sensíveis aos apelos da sua congénere madeirense e estão empenhadas na angariação de bens para a população atingida. Este ritmo de perturbações da natureza deve-se ao mau uso da Criação. Uma afirmação que justifica também os acontecimentos no Haiti e no Chile. O ser humano não tem cuidado como devia da natureza.
O Conselho ficou a par dos vários projectos onde a Cáritas está envolvida. Relativamente ao Núcleo do Observatório Social (NOS), o Conselho foi informado dos resultados enviados pelas dez Cáritas diocesanas que, até ao momento, aderiram ao NOS. Pretende-se que um crescente número de Cáritas se envolva neste processo para que o mesmo tenha mais consistência.
– Os membros das Cáritas diocesanas ficaram elucidados sobre a campanha «Cáritas ajuda o Haiti» e da Operação «10 Milhões de Estrelas – um gesto de paz». Esta superou as expectativas ao nível da adesão na sociedade civil.
– A Acta do Conselho anterior foi aprovada por unanimidade tal como o Relatório de Actividades de 2009 e as Contas de Gerência de 2009.
Braga, 28 de Fevereiro de 2010