Descrição
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Autor(a): Helena Ribeiro de Castro
Editora: Editorial Cáritas
Publicado em: 2012
Preço: € 18,00
Prefácio: «Educar como missão e conversão»
Neste trabalho de Helena Ribeiro de Castro o leitor encontra uma pertinente abordagem sobre a personalidade significante de Teresa de Saldanha, reveladora da complexidade e das potencialidades existentes na sociedade portuguesa oitocentista e do início do século XX. Havendo já muitos escritos sobre esta mulher e a sua vida, este é certamente o primeiro estudo em profundidade, e como contributo académico, sobre a sua atividade percecionada na sua dimensão pedagógica, com inegável atualidade e originalidade.
Neste domínio, a sua singularidade não decorre só de questões de método ou de novidades didáticas. Sobretudo conhecida como católica, proveniente do círculo mais elevado da sociedade liberal com intuitos reformadores, e fundadora da congregação portuguesa das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, acabou por se insistir numa tendência analítica tendente a condicionar a esse percurso a compreensão da atividade de Teresa de Saldanha. Sendo certo e adequado o valor desta abordagem, se confinada a esta acaba por ser bastante redutora.
Esta obra de Helena Ribeiro de Castro vem acentuar outros aspetos, destacando-se a dimensão pedagógica enquanto educação, a qual assume em Teresa de Saldanha uma conduta de vida e, em certo sentido, foi esta maneira de ser – nas suas vertentes materiais e espirituais – que a projetou a criar ou a recriar iniciativas envolvendo outras jovens mulheres suas amigas, relacionando uma «educação regeneradora» com um modo de dar expressão ao sentido da vida religiosa consagrada. Neste percurso pode perceber-se com elevado grau de exatidão a articulação entre a capacidade de liderança e a profundidade das motivações.
Ninguém nasce educador, esta experiência estruturava-se pelo grau de análise (ou autoanálise) das suas capacidades e as daqueles com quem se relacionava: procurou assim entrosar vários elementos, todos eles com importância. A escolha de uma dedicação aos outros, elaborada a partir do seu matrimónio crístico, foi alimentada por uma fortíssima devoção eucarística. Pode parecer estranho utilizar esta linguagem para descrever uma opção pedagógica, mas tal dificuldade resulta de um desconhecimento ou de um equívoco. A prática da comunhão frequente, pouco comum à época, significava uma disciplina interior cuja vivência respeitava o procedimento assumido na sua vida pessoal e na relação de envolvimento com os que estavam à sua volta. Em Teresa de Saldanha houve uma escolha de liberdade pessoal que passou pela sua capacidade de organizar para servir educando, isto é, fazendo um percurso de melhoramento pessoal e de aptidões socioprofissionais. Alargando progressivamente o envolvimento de vários atores, orientou-se inicialmente para «as meninas pobres», expressão da caridade encarnada, gerando a oportunidade de transformação pessoal das «meninas ricas». Um perspetiva educativa direcionada de dentro para fora, de si para os outros: a caridade que preencheria as exigências da pertença responsável à sociedade, certamente outra forma de compreender e de declinar a cidadania.
Expressão da época, onde a diferenciação social decorria da perceção da ordem social estabelecida, o seu agir não pretendia a revolução societária enquanto mudança política, mas assentava em algo que dizia respeito à questão da consciência e às decorrentes práticas, no sentido objetivo da utilidade: educar para mudar, mudar para socorrer os aflitos e os necessitados, com particular atenção ao feminino. Era um feminino que se compreendia no âmbito do casamento e da constituição da família, como apreciação da própria ordem social capacitada para induzir à felicidade e à realização.
(…)
António Matos Ferreira
Lisboa, 24 de Agosto de 2012
Helena Ribeiro de Castro nasceu em Lisboa, em 1960. Licenciou-se em Biologia, Ramo Educacional, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. É Mestre em Ciências da Educação, especialidade de Formação Pessoal e Social, pela Universidade de Aveiro e Doutorada em Educação, Pedagogia, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Iniciou a sua vida profissional como professora de Biologia e de Ciências da Natureza em 1980 no Colégio de S. José, Ramalhão, tendo dedicado os quinze anos seguintes ao ensino básico e secundário em diversas instituições.
Desde 1995 que exerce funções docentes da Escola Superior de Educação Jean Piaget de Almada onde, actualmente, é professora coordenadora. Tem coordenado diversos cursos de que se destaca, desde 2010/11, o Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Tem a seu cargo a coordenação de um projecto institucional de investigação sobre as Instituições de Ensino elementar em Portugal, entre o público e o privado que integra professores e estudantes. Investigadora do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, colabora, ainda, com o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa. Desde 2002 que faz parte da Network of Histories of Education da European Educational Research Association (EERA) de que é a actual responsável.
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