Cáritas empenhada na mudança na sociedade
A Cáritas Portuguesa quer cada vez mais ter uma voz presente nos problemas que a sociedade portuguesa enfrenta. Não aceita por isso que o Estado queira calar o apelo de subsidiariedade que ao mesmo tempo lança à sociedade civil e que esta organização da Igreja responde afirmativamente.
Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas explicava à ECCLESIA que «o Estado é grande demais para poder resolver as pequenas coisas e pequeno demais para resolver as grandes questões”, por isso indica que o Estado não pode ter um discurso em que apela “ao valor da subsidiariedade, e na prática tentar centralizar e retirar às expressões organizadas da sociedade o seu poder de acção, ainda mais que contraria um poder democrático, que não se esgota na representatividade, mas precisa da dimensão de participação”.
Se assim continuar, “caminhamos para uma sociedade que atira para o Estado todas as responsabilidades e o acusa de todas as coisas menos conseguidas”, aposta. Mas também dentro da Igreja “não a podemos reduzir à sacristia. Se a Igreja não existe para servir, então não serve para nada”, sublinha o Presidente da Cáritas.
Eugénio da Fonseca recorda os conceitos laico e neutro da sociedade e do Estado, mas relembra que “ninguém é neutro”. Aqueles a quem a sociedade confia no governo do país “são pessoas que também têm opções e que em termos democráticos devem satisfazer a maioria, mas não devem ser amorfos”. Qualquer posição a tomar “tem cargas ideológicas” e acrescenta que “a voz da igreja incomoda, daí que surjam vozes que queiram silenciar as acções da Igreja”.
Na reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, o presidente deste organismo explicou que a área de intervenção “vai-se alargando e felizmente somos chamados como parceiros, em muitas iniciativas para dar o nosso contributo no desenvolvimento do país e na promoção das pessoas”. É nessa área que a Cáritas “cumpre a sua missão”, tendo por isso de preparar as pessoas para estes desafios.
Assim, o Presidente da Cáritas afirma que como prioridade fundamental queremos “dar formação dos agentes da pastoral social”. Uma preparação técnica mas “que não se pode desligar dos princípios sociais da igreja”. A somar a isto, “percebemos que os reptos lançados à Caritas são cada vez mais, mas mantêm-se as pessoas que colaboram nos serviços pastorais”. Nesse sentido, há que criar motivações para envolver mais pessoas, que se identificam com estas linhas orientadoras, que no fundo “se baseiam no desenvolvimento do país, mais humano e sustentável”.
Para estar mais próximo da realidade, a Cáritas pretende desenvolver em todas as paróquias um inquérito para “perceber o que existe como resposta em cada espaço”, explicou o Pe. Adriano Cardoso, do Conselho Permanente da Caritas. Não esconde ser um trabalho “difícil, dado também as várias organizações que existem na Igreja, que partilham uma identidade comum”, mas necessário, dado que muitas organizações desenvolvem o mesmo trabalho.
Fonte: Agência Ecclesia