Desenvolvimento: se não é integral, não é desenvolvimento – adverte o Papa
O desenvolvimento, para que seja entendido como tal, deve ser integral, ou seja, envolver todas as dimensões da pessoa, pois, «com frequência a verdadeira pobreza do homem é a falta de esperança», declarou Bento XVI. Foi esta a mensagem que o Papa deixou nesta terça-feira ao Conselho de Administração da Fundação Pontifícia «Populorum Progressio» para os povos indígenas, afro-americanos e camponeses pobres da América Latina, que se reuniu nestes dias em Roma.
«O desenvolvimento dos povos deve ter como princípio pastoral uma visão antropológica global da pessoa humana», algo que Bento XVI definiu, segundo os Estatutos da Fundação, com o termo «promoção integral». Citando o número 42 da encíclica «Populorum Progressio», publicada há 40 anos por Paulo VI, o Papa declarou: «Só há um humanismo verdadeiro, aquele que se abre ao Absoluto no reconhecimento de uma vocação que dá a ideia verdadeira da vida humana».
«A promoção integral, assegurou, leva em conta o aspecto social e material da vida, assim como o anúncio de fé, a qual dá ao homem o sentido pleno de seu ser. Com frequência a verdadeira pobreza do homem é a falta de esperança, a ausência de um Pai que dê sentido à própria existência. Com frequência, a raiz mais profunda do sofrimento é precisamente a ausência de Deus».
Quase a concluir, o Papa sublinhou “a exemplaridade do método de trabalho” desta instituição, “modelo para toda e qualquer estrutura de ajuda”. Cada projecto apresentado é sempre acompanhado de uma carta do Bispo local que garante que a necessidade é real, que a realização terá lugar no tempo assinalado e que conta com a sua aprovação e com os serviços diocesanos. Desta forma, a estrutura organizativa da Igreja possibilita, sem gastos adicionais, que se chegue a todos os recantos, mesmo nas localidades de floresta mais escondidas.“Deste modo, a decisão está nas mãos de quem conhece bem os problemas das populações e as suas necessidades concretas. Evita-se assim certo paternalismo, sempre humilhante para os pobres e que trava a sua iniciativa, e por outro lado os fundos chegam na sua totalidade aos mais necessidades, sem se perderem em grandes processos burocráticos”, concluiu o Papa.
Desde 1992 até hoje, a Fundação ajudou mais de 2000 projectos, cujo financiamento chegou aos 20 milhões de dólares. A prioridade da educação para o desenvolvimento é o elemento mais significativo do compromisso da Igreja nos países latino-americanos. A Fundação tem a sua sede no Conselho Pontifício “Cor Unum”, na Cidade do Vaticano, cujo presidente, o Arcebispo Paul Cordes, é também presidente da Fundação e seu representante legal.
Fonte: Agência Zenit