Mensagem da Páscoa da Ressurreição do presidente da Cáritas Internationalis
Uma mensagem de Esperança para a Páscoa da Ressurreição de Sua Eminência Óscar Andrés Cardeal Rodríguez Maradiaga S.D.B. Presidente da Cáritas Internacionalis.
Os residentes de L’Aquila celebraram a Páscoa da Ressurreição , o ano passado, entre as ruínas das suas casas, Igrejas e locais de trabalho. Um terramoto tinha destruído essa cidade medieval italiana em Abril. A Missa do Domingo da Ressurreição celebrou-se a partir da traseira de uma camião de ajuda humanitária.
Em Setembro de 2009, aconteceram os sismos no Pacífico. Samoa, Samoa Americana e Tonga sofreram a destruição das suas comunidades por causa do tsunami provocado por um maremoto. Os pobres sofreram as piores consequências em Sumatra e na Indonésia, após outro trágico tremer de terras. Mais de um milhar de pessoas morreram. A maior parte da cidade de Padang e das aldeias vizinhas foram arrasadas.
Fui ver a devastação do Haiti, depois do violento terramoto de 12 de Janeiro, e era como um lúcido pesadelo de escombros, de vidas perdidas, de dezenas de milhares de pessoas empilhadas em acampamentos improvisados.
No Haiti foi uma catástrofe natural, só porque foi provocada por um sismo, mas também se pode ver nela a mão humana. Anos de negligência, corrupção e subdesenvolvimento, deixaram o país incapaz de responder quando foi necessário.
Poucas semanas depois, em Concepción, no Chile, foi registado o tremor mais forte dos últimos 12 meses. O sismo de grau 8,8 originou tsunamis, que provocaram, nas costas, a morte de numerosas pessoas. Foram milhões os atingidos que ficaram sem teto.
Onde está o rosto de Deus nessas catástrofes? A mensagem da Páscoa da Ressurreição é uma mensagem de esperança e renascimento, perante a ressurreição de Jesus Cristo. Vemos o amor de Deus por toda a humanidade, na resposta humana a essas crises.
Encontramos coragem nas próprias acções dos que sofreram as consequências destes acontecimentos. São os seus esforços que, nas primeiras horas e dias das catástrofes, salvam vidas, unem as comunidades e oferecem consolo àqueles que os rodeiam.
Encontramos solidariedade nas pessoas que colaboram com os membros da Cáritas, em países pobres e ricos, oferecendo ajuda aos necessitados para que possam reconstruir as suas vidas. A República Democrática do Congo, Moldávia, Somália e muitos outros países puderam contribuir também, não obstante a sua própria pobreza e sofrimento, para ajudar os seus irmãos e irmãs.
Encontramos o amor no cooperantes, empregados e voluntários, que trabalharam sem cessar, no sentido de fazer chegar a ajuda humanitária. A Cáritas faz parte das comunidades que serve. Por isso, quando ocorre uma catástrofe, o nosso pessoal resulta também directamente afectado. No Haiti, alguns membros da Cáritas foram pela manhã ao enterro dos seus familiares e amigos, e logo continuaram a trabalhar, para distribuir a ajuda a todos os que tinham sido afectados. Temos uma grande dívida, com o pessoal nacional e internacional da Cáritas, pelo seu incansável dinamismo.
Encontramos a esperança na certeza que nos poderemos preparar melhor para futuras catástrofes. O Chile foi atingido por um dos maiores sismos de todos os tempos, mas ali o número de mortos foi relativamente baixo. Os danos foram menores porque nesse país os edifícios forem construídos com critérios anti-sísmicos, uma vez que se trata de um país situado numa zona de grande risco sísmico. As comunidades costeiras sabiam que deveriam defender-se dos tsunamis subindo aos andares superiores dos seus edifícios, ou às montanhas.
Entre as ruínas, acreditamos que as comunidades podem construir, para si mesmas, futuros melhores. Trabalharemos para alcançar uma L’Aquila, Padang, Samoa, Porto Príncipe e Concepción melhores. Ainda que os desafios sejam grandes, inspirados pelo amor, a esperança e a solidariedade, tudo é possível.
Que Jesus Cristo Ressuscitado vos abençoe com a sua alegria.
S.E. Óscar Andrés Cardeal Rodríguez Maradiaga, S.D.B.