Cáritas diz não à fome e pede medidas de intervenção
Num mundo de abundância haver gente a morrer de fome é um escândalo e a negação de um direito básico da humanidade: o direito à alimentação. Falar de “fome” não é apenas falar de um fenómeno natural com causas sociais, económicas e políticas. É falar de uma tragédia global que poderia ser evitada. A Cáritas Europa enfrenta este problema ao promover o Congresso “Futuro Sem Fome”.
Na abertura dos trabalhos estiveram Kristalina Georgieva, Comissária da União Europeia para a Cooperação Internacional, Ajuda Humanitária e Resposta à Crise; Tesfai Tecle, assessor de Kofi Annan, o prémio Nobel da Paz, Mohan Munasinghe; o Cardeal Óscar Rodríguez, Presidente da Caritas Internationalis. Outros oradores serão Erny Gillen, Presidente da Cáritas Europa e os representantes das Cáritas do Bangladesh, Índia, Senegal, Congo e Moldávia.
Hoje 925 milhões de pessoas vivem em situação de carência alimentar e entre elas 7.000 são crianças. Isto quer dizer que a cada 12 segundos uma criança morre de fome.
Erradicar a fome é o primeiro dos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, uma meta que vários governos se comprometeram a atingir até 2015. Os relatórios oficiais das agências da ONU mostra projecções encorajadoras para a se alcançarem estes objectivos. No entanto, se isto pode ser verdade para as chamadas economias emergentes, que inflacionam as estatísticas globais, o mesmo não se aplica a países de rendimentos baixos onde os índices de a desigualdade e vulnerabilidade permanecem inalterados.
Medidas para um combate à fome com eficácia
Todos os dias, as organizações da Cáritas em todo o mundo testemunham casos de pessoas que passam fome. A Cáritas possui uma rede de recursos excepcionais enraizada na sua experiência no terreno, no campo da pobreza e da fome.
Utilizando este trabalho de base, a Cáritas reuniu 11 reivindicações políticas para chamar a atenção dos decisores e que serão discutidas no Congresso de Viena:
– respeitar o direito à alimentação;
– reconhecer a importância da agricultura para o desenvolvimento;
– Apoio à agricultura familiar;
– ajuda aos sistemas alimentares para lidar com as mudanças climáticas;
– assegurar a coerência das políticas para o combate à pobreza e à fome;
– parar o comércio injusto na agricultura;
– regulamentar a especulação do mercado sobre os alimentos;
– parar com a apropriação indevida das terras públicas
– implementar uma moratória sobre a importação de agrocombustíveis;
– implementar medidas de segurança para o comércio justo;
– proporcionar assistência alimentar de emergência a longo prazo
Combater a fome é um trabalho de todos
A Cáritas Europa está confiante de que a grande maioria das pessoas pode contribuir para este desenvolvimento estando atento aos sinais de perigo, adoptando um estilo de vida diferente com uma postura de amor para com os que vivem a seu lado. Por tudo isto, a Cáritas Europa usa a plataforma do Congresso para apresentar aquilo a que chamada de “10 mandamentos para um Futuro sem Fome”:
1 – Contribui para que todas as pessoas tenham o suficiente para comer.
2 – Não cobices o pão do teu vizinho
3 – Não guardes para ti mesmo os alimentos que fazem falta a pessoas necessitadas;
4 – Honra a terra e o trabalho para combater as mudanças climáticas, para que todos tenham uma vida mais longa e uma terra melhor.
5 – Vive de acordo com o teu próprio estilo de vida.
6 – Não cobices a terra e propriedade dos teus vizinhos.
7 – Usa a politica agrária para reduzir a fome e não aumentá-la.
8 – Toma uma atitude contra os governos corruptos e os que os seguem.
9 – Ajuda a evitar conflitos armados e guerras
10 – Combate a fome de forma eficaz através da ajuda ao desenvolvimento.