Comunidades Emigrantes: encontro de animadores sócio culturais
A Cáritas Portuguesa acompanha em Fátima o encontro: “Promotores Sócio Culturais das Comunidades Portuguesas”, do qual é também responsável pela organização em parceria com a Obra Católica Portuguesa das Migrações e a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas pede mais organização e elogia trabalho da Igreja.
“Novas ideias de como articular o trabalho das organizações que estão a trabalhar no terreno junta das comunidades emigrantes”. Foi este o desafio que José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, na abertura do encontro de promotores Sócio Culturais das Comunidades Portuguesas, em Fátima.
“É preciso organização” afirmou José Cesário lembrando o objetivo deste encontro: “estamos aqui porque não ignoramos que ao longo dos últimos anos, e dissemos várias vezes, houve muitos portugueses que saíram do país e não podemos deixar de acompanhar este movimento migratório com toda a sua complexidade”. Referindo-se a um trabalho conjunto que está a ser feito nomeadamente com a Obra Católica Portuguesa de Migrações, o secretário de Estado das Comunidades sublinhou a importância do trabalho da Igreja “cuja ação vai muito além da nossa rede consular”. D. Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, também presente na abertura, insistiu na importância do trabalho que é feito junto das comunidades emigrantes lembrando que a Igreja tem aí uma preocupação e que não se deve esquecer as razões pelas quais as pessoas e famílias são obrigadas a sair do seu país.
Sai reforçada desta abertura dos trabalhos que até ao próximo Domingo decorrem em Fátima, a necessidade de uma maior articulação entre todos os que no terreno prestam apoio às comunidades emigrantes. “Estamos a falar de um universo com uma dimensão que obriga a ter uma organização diferente” lembrou José Cesário admitindo que “faz falta haver uma maior relação entre as instituições que no terreno já fazem um trabalho social”, referindo-se às instituições mais antigas e mais recentes. “Eu sou muito adepto das redes onde as pessoas possam trocar conhecimentos e experiências de maneira a podermos mobilizar mais meios”, acrescentou. Para José Cesário, o Estado pode ser um parceiro mas é mais fácil ser parceiro de instituições organizadas do que de instituições a trabalhar isoladamente. “Tenho consciência que é preciso desenvolver uma cultura neste sentido”.
O primeiro painel deste encontro sobre “A importância da emigração no contexto atual”, contou com a participação de Carlos Pereira, que para além de ser ele próprio um imigrante há 26 anos em França, é atualmente o diretor do Luso Jornal de Paris. Com a sua capacidade de análise jornalística Carlos Pereira apresentou um retrato do que foram os primeiros anos de emigração portuguesa em França para apresentar as principais mudanças e atuais dificuldades de quem chega nos dias de hoje a França. Para este homem que tem acompanhado por dentro as mudanças da emigração para além das dificuldades mais evidentes como são a língua, trabalho e integração social, destaca-se o desfasamento do trabalho das associações que “pararam no tempo e não ajudam de maneira nenhuma esta nova emigração nem a emigração anterior”.
Para além desta outra crítica foi apresentada desta vez a Portugal. Para Carlos Pereira, Portugal não aproveita a força da rede política, económica e associativa que tem espalhada e que tem, nomeadamente, em França um peso bastante grande. “A importância da emigração no contexto atual, é muita se fosse mais aproveitada”, advertiu.
Envelhecimento, Cultura e Educação, Trabalho e Associativismo serão as principais áreas abordadas até domingo, dia em que termina este encontro onde vão também participar os economistas João Duque e João Amaral abordando a temática “Que Portugal depois da Crise”.
Este encontro promovido pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, Cáritas Portuguesa e Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas reúne vários animadores socio culturais das comunidades portuguesas. Tem como objetivo aprofundar o conhecimento da realidade social emigrante dentro e fora da Europa. Para tal pretende-se identificar dificuldade, necessidades e promover o intercâmbio de boas práticas.