Guarda: entre o envio e o acolhimento
No próximo dia 13 de Agosto, no Santuário de Fátima, celebra-se mais uma Peregrinação Nacional do Migrante. Uma grande festa da Igreja em ação de graças por todos os que deixam as suas terras em procura de uma nova vida e assim vivem a grande oportunidade da partilha de culturas, histórias pessoais e contribuem para a construção uma nova civilização. Na diocese da Guarda, fronteiriça, conhecem-se bem os desafios da migração.
Durante os meses de verão o rosto da cidade da Guarda altera-se. Aliás a cara desta cidade tem mudado muito nos últimos anos. Uma cidade do interior que vive os desafios de todas as cidades é também procurada por muitos imigrantes que aqui chegam à procura de um novo projecto de vida. Depois da “vaga” de gente que veio do leste atualmente são os imigrantes vindos da Índia e Paquistão quem mais procura o apoio do CLAI, um serviço que a Caritas presta em parceria com o ACIDI. A alfabetização e o apoio ao enraizamento das famílias e da sua cultura e hábitos é um trabalho que tem merecido muito empenho por parte desta diocese. Em colaboração com a Universidade da Beira Interior, com que trabalham regularmente, espera-se para breve a apresentação pública do diagnóstico da imigração no concelho da Guarda. Um trabalho que irá permitir analisar esta realidade e forma como ele tem transformado o tecido social desta região. A interculturalidade é uma aposta desta comunidade e da Caritas Diocesana que com o projecto “Ágora” desafiou as escola dos concelho a participar neste projecto que promoveu o intercâmbio de culturas, línguas e sabores.
A relação com “os outros” que chegam à cidade tem sido saudável embora as oportunidade de emprego estejam a escassear, uma consequência da crise que se reflecte na muitas lojas que fecham e nas grande empresas e fábricas que encerram as suas portas ou reduzem os custos com pessoal. O caso da Delphai é um exemplo nacional. Por tudo isto os que partem são também muitos. Do Instituto Politécnico saem jovens recém licenciados que não encontram mercado de trabalho para as suas expectativas. O mesmo acontece com a escola Superior de Enfermagem. O Norte da Europa é para muitos o horizonte da esperança. Alguns têm dificuldade em adaptarem-se a um país em muito diferentes daquele que deixam mas muitos ficam por lá. Também a Espanha, a poucos quilómetros de distância, continua a ser um destino. Muitos jovens estão a sair da Guarda para estudar no pais vizinho e, por isso, a presidente da Caritas Diocesana sente que “a Guarda está a perder muita da sua juventude.” Aos que vão para estudar e aos que vão para trabalhar o alerta é sempre o mesmo “as pessoas têm de se informar bem sobre as condições em que vão”. Isto porque se reptem os relatos de abuso de confiança e de incumprimento das promessas.