Participação da sociedade é uma vitória da Cimeira Rio+20
Maria Cristina dos Anjos, directora executiva da Cáritas brasileira, fala da Cimeira Rio+20 como um evento “vazio logo à partida”. Em entrevista ao site da Cáritas Portuguesa esta responsável fala das baixas expectativa com que se avançou para a realização da Cimeira mas, por outro lado, sublinha como um avanço “notável” a participação da sociedade civil.
“Rio 20 já começou com uma clareza de que não se ia ter grandes avanços, pela ausência de alguns países como Estados Unidos, Alemanha, por exemplo”. Cristina dos Anjos responsabiliza esta ausência sublinhando que ela “comprometeu um diálogo mais global” o que no seu entender “justifica a falte de resultados que pudessem levar a reflexão mais longe”. Apesar disso há um lado positivo que sai desta Cimeira e que é o reforço da participação da sociedade civil.
A directora executiva da Cáritas brasileira, país anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, acompanhou todos os movimentos que envolveram não apenas o debate oficial mas também o movimento paralelo que se gerou e que fruto do envolvimento da sociedade civil, a Cúpula dos Povos.
Este envolvimento é, aliás, o primeiro destaque que Maria Cristina dos Anjos faz quando lhe perguntamos o que sublinha desta Cimeira: “na perspectiva da sociedade civil os avanços foram enormes”, afirma lembrando que a Cúpula dos Povos foi um movimento importante para que o tema tivesse impacto como “espaço de debate, reflexão e tomada de consciência”.
Também aqui o papel da Igreja é sublinhado por Maria Cristina dos Anjos ao lembrar que a instituição católica mostrou o seu interesse a sua capacidade de intervenção envolvendo-se na reflexão e diálogo o que é fundamental, afirma Maria Cristina para “a articulação de informação e faz com que a gente sai da cá com mais clareza”.
A “Economia Verde” que foi amplamente debatida tanto na Cimeira Rio+20 como na Cúpula dos Povos, é reconhecida pela directora executiva da Cáritas brasileira como “uma forma de trabalhar o desenvolvimento”. Em relação à ”economia verde” o texto final da Cúpula dos Povos da participação popular e na democratização da gestão dos espaços públicos.
A Cáritas brasileira recebeu nestes dias um número significativo de participantes vindos da sua rede internacional o que significa um “enriquecimento da própria rede”, afirma Maria Cristina dos Anjos lembrando que esta participação é resultado de “um processo importante de partilha” e que é “fundamental para que a rede possa investir no seu trabalho de incidência pública”. A Cáritas brasileira assume assim uma preocupação que é crescente na rede mundial que é desenvolver a sua capacidade de ser agente de mudança nas mentalidade e na interpretação de conceitos. Para a concretização desta “influência” pública, advocacy, os representantes das Cáritas presentes na Cimeira Rio+20 reflectiram sobre a possibilidade de se apostar na criação de formas de colaboração e diálogo entre países vizinhos.