“Criar laços e derrubar muros”
Isabel Cordovil é uma das pessoas envolvidas na concepção do projecto GIAS – Grupos de Interajuda Social. Na apresentação deste projecto às Cáritas Diocesanas da zona centro, Isabel Cordovil apresentou este trabalho como um potenciador do desenvolvimento humano.
“Criar laços e derrubar muros!” Esta frase resume, na opinião de Isabel Cordovil, o objectivo do projecto GIAS – Grupos de Interajuda Social. Convidada pela Cáritas Portuguesa a participar na equipa nacional que desenhou e estruturou este projecto que pretende ser um espaço de encontro entre pessoas a viver a realidade do desemprego, esta psicóloga com experiência profissional ligada ao mundo do trabalho, acredita que projectos como este são a oportunidade ideal para que pessoas a viver a mesma realidade possam “descobrir as suas capacidades e redescobrir os seus potenciais”.
Consciente de que depois desta crise nada será como era quer no mercado de trabalho quer na própria sociedade, Isabel Cordovil está apostada em ver nestas mudanças o seu lado positivo. O projecto GIAS quer ser um contributo para isso mesmo: promover a dignidade da pessoa humana e os direitos do trabalho ao mesmo tempo que proporciona um meio de apoio e desenvolve a interajuda. “Partimos da ideia de que todos nós já encontrámos soluções a partir da experiência entre pares”, explica Isabel Cordovil sublinhando que é na rede e nas relações pessoais que muitas vezes se encontram soluções que parecem difíceis e se descobrem valores pessoais e capacidades que de outra forma estariam escondidas.
“Na escuta entre pessoas a viver a mesma situação há um interajuda que poderá fazer mais pelas pessoas do que as respostas e medidas estruturadas já existentes, nomeadamente na procura activa de trabalho”. O projecto GIAS quer ser um “potenciador do desenvolvimento humano” e para isso está centrado na “escuta e na partilha de experiências”.
Respondendo sobre a utilidade prática que poderá resultar para as pessoas da frequência destes grupos, Isabel Cordovil, usa como exemplo a experiência piloto que está a ser desenvolvida na Paróquia de Santa Isabel, através da Junta de Freguesia, e da qual é animadora: “o desenvolvimento pessoal e solidário do qual se parte de forma natural para as informações úteis e para o reencaminhamento”. Este projecto não tem na sua estrutura nenhuma intenção de promover a procura activa de trabalho, no entanto, “não somos grupos informais de conversa de café!” afirma Isabel Cordovil.
“Ninguém pode ficar para trás, deprimido, por causa da exclusão do mercado de trabalho”, alerta Isabel Cordovil fazendo sua a voz de toda a equipa nacional que está envolvida neste trabalho. A animação destas equipas, que deverão reunir quinzenalmente, é um “trabalho de cidadania”. O projecto, que foi pensado e estruturado pela Cáritas Portuguesa, está disponível para a participação de todas as estruturas locais e de outras organizações, desde que seja feito segundo aquilo que está pensado e estruturado pela equipa nacional da Cáritas. Um exemplo disso é o protocolo que existe actualmente entre este projecto e o GEPE (Grupos de Entreajuda na Procura de Emprego) do Instituto Pe. António Vieira. Este mais vocacionado para a procura activa de emprego.