“Sementes do Saber”
O início do ano escolar traz consigo a emoção dos recomeços. Uma nova oportunidade, nova etapa e, sempre, com o sabor da descoberta. É isto que se quer para todas as crianças em fase escolar. No entanto, infelizmente, para as famílias este recomeço traz também associado o peso financeiro e a angústia de nem poder cumprir com as expectativas. O projecto “Sementes do Saber” é um resposta a estas famílias.
O projecto nasceu o ano passado e de uma forma caseira. “As técnicas de serviço social do Centro, ao perceberem as dificuldades de muitas das famílias que acompanhavam, combinaram levar bolos caseiros para o Centro, que os colaboradores da Cáritas compravam à fatia para o lanche, sendo que o dinheiro dessas vendas seria utilizado para comprar os manuais escolares de algumas crianças.”
O Centro de que fala é o Centro Comunitário de S. José, um equipamento da Cáritas de Coimbra, no Bairro da Roza, zona de realojamento social com elevadas necessidades financeiras e educativas.
Esta é a terra onde foram deitadas as “Sementes do Saber”. Outros colaboradores da Cáritas, familiares e amigos, foram aumentando a vontade de avançar com um projecto e assim surgiu a proposta de apadrinhamento que começou o ano passado com o apoio a apenas 15 jovens. “Pela recetividade que vimos dos colaboradores, propusemo-nos alargar a iniciativa ao exterior, achando que poderia ser bem sucedida, e assim foi”, explica a direcção da Cáritas de Coimbra sublinhando que “além do atual contexto de crise e desemprego, a atual lei de atribuição dos escalões sociais penalizou algumas famílias com baixos/médios rendimentos, que deixaram de usufruir da totalidade do apoio da Ação Social Escolar”. A campanha tem, portanto, como objetivo proporcionar às crianças e jovens do Centro Comunitário S. José, “a possibilidade de um “padrinho” lhes oferecer um ou mais manuais escolares, de modo a poder promover o seu sucesso escolar”.
O apelo foi lançado ainda em tempo de verão mas isso não impediu que muitos respondessem positivamente: “apesar de ser verão, as inscrições dos padrinhos dispararam com a reportagem da RTP. Houve pessoas que ligaram para a Cáritas dizendo que não tinham recursos para serem padrinhos, mas que poderiam trazer livros antigos ou que queriam pelo menos louvar a iniciativa.”
Esta foi mesmo uma das surpresas que trouxe este apadrinhamento. A forma como as pessoas reagiram a uma pedido de ajuda e como a própria comunicação social ajudou a difundir a mensagem o que fez com que chegassem padrinhos de “outras zonas do país e mesmo do estrangeiro”,
Na opinião da direcção da Cáritas de Coimbra estas iniciativas são o caminho “obrigatório” para o envolvimento cívico e a co-responsabilidade social: “sabemos que nesta altura a situação está difícil para todos nós, mas há quem tenha muito menos. Se todos partilharmos um pedacinho do nosso pouco com quem tem muito menos, poderemos de facto mudar a vida de muitas pessoas.”
Padrinhos e afilhados vão poder conhecer-se em breve num lanche convívio no Centro Comunitário e a partir daí estrá nas suas mãos a possibilidade de estabelecerem uma relação de acompanhamento que leve ainda mais longe esta iniciativa.
Para mais informações: Cáritas de Coimbra