Papa Francisco em entrevista fala de si e da Igreja
Uma entrevista exclusiva do papa Francisco às revistas dos Jesuítas assinala seis meses de pontificado. Antonio Spadaro, diretor da revista La Civilità Cattolica, conduziu esta longa conversa onde, por mais de seis horas, ao longo de três encontros, nos dias 19, 23 e 29 de Agosto, o papa Francisco abordou temas como o aborto e a homossexualidade revelando também nestes temas a sua humildade e simplicidade: «a religião tem o direito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas Deus, na criação, tornou-nos livres: a ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?”».
Nesta entrevista onde o papa Francisco fala de si próprio, da sua reação à usa eleição e onde fala também da forma como tem vivido estes primeiros seis meses de pontificado: «muitos, por exemplo, pensam que as mudanças e as reformas podem acontecer em pouco tempo. Eu creio que será sempre necessário tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e eficaz. E este é o tempo do discernimento. E por vezes o discernimento, por seu lado, estimula a fazer depressa aquilo que inicialmente se pensava fazer depois. E foi isto o que também me aconteceu nestes meses.»
Recordando as dificuldades da sua experiência como superior na Companhia de Jesus afirma ter aprendido com esta vivência a necessidade de fazer as “necessárias consultas” assumindo que «foi o meu modo autoritário de tomar decisões que criou problemas». Francisco recorda esta experiência para sublinhar a importância de ouvir os outros e auscultar a realidade. Foi isto que o levou a reunir um grupo de oito cardeais como consultores e lembra que «este grupo outsider, não é uma decisão simplesmente minha, mas é fruto da vontade dos cardeais, tal como foi expressa nas Congregações Gerais antes do Conclave. E quero que seja uma consulta real, não formal»
Sobre o papel da Igreja no mundo Francisco deixa a imagem do hospital de campanha depois de uma batalha: «vejo com clareza que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem curar-se as suas feridas. Depois podemos falar de tudo o resto.»
Entrevista na integra: Revista Brotéria