“Um ato de coragem”. Foi desta forma que o Cónego João Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações, classificou o relançamento da revista Cáritas. A sessão de apresentação juntou, em Lisboa, no auditório do Montepio Geral, muitos dos que estiveram na origem deste trabalho que marcou a Igreja e a sociedade das décadas de 80 e 90. Este foi para o presidente da Cáritas Portuguesa, um momento “emocionante” que veio, de certa forma, cumprir um sonho que esteve desde sempre presente nas linhas de orientação da Cáritas.

Recordando o ambiente de crise que se vive em Portugal e que tem deixado marcas evidentes no mundo das comunicações sociais, João Aguiar, falou de coragem lembrando que a palavra “por trazer em si mesma coração e ação. Ou seja: a coragem encontra motivos para fazer o que a mera racionalidade poderia desaconselhar”.

Evocando as crises provocadas pelas mudanças tecnológicas, éticas e sociais, João Aguiar, dirigiu-se de forma particular aos comunicadores cristãos para lembrar que “é notório o desinteresse geral perante os valores que anunciamos, numa sociedade em descristianização galopante, amante de uma cultura de cabaret e tendo como filosofia dominante o “achismo”, que recusa convicções e se alicerça em palpites. E onde muitas vezes o comentário mais profundo é ‘porreiro, pá’”.

Apesar de tudo isto o Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais não deixou de sublinhar e deixar bem marcado que a Igreja precisa de comunicar e que, neste contexto, o papel da Igreja e dos comunicadores católicos é fundamental. “No presente do nosso país, por exemplo, cabe-lhes alimentar a convicção pascal que nenhum impasse ou drama pode matar. Cabe-lhes apresentar uma visão aberta da história, onde cada um dos homens é ator.”

Sobre a revista Cáritas, João Aguiar, defendeu que ela “já mostra, nesta edição, que vem para cumprir este papel de ajudar a pensar. Estará, por isso, disposta a ajudar-nos a recuperar a noção de tempo — uma noção perdida pelo culto do instante, que não autoriza reflexão e distanciamento. Começa a ajudar-nos a saborear o doce sabor da liberdade, mediante a capacidade de estar de pé diante das correntes dominantes, sem medo de visitar as periferias.”

O padre José Manuel Pereira de Almeida, assistente espiritual da Cáritas é o diretor da revista Cáritas e sublinhou precisamente que esta é a missão e a principal razão que levou à reedição da revista Cáritas, ser lugar de troca de ideias em “campo social” como “lugar de partilha de experiências e de troca de ideias em campo social, na procura conjunta de uma nova terra em que habite a justiça”.

A revista será quadrimestral o o próximo número será publicado no próximo mês de setembro. Tem o preço de capa de 2€ e está disponível por assinatura e por venda direta através da rede nacional da Cáritas.