À imagem de José, nas vésperas do nascimento do Menino, também nós Cáritas somos desafiados a guardar o “Mistério”. D. Manuel Clemente, esteve na celebração do Natal na sede da Cáritas Portuguesa e lembrou-nos exatamente isso: “Não somos donos de nada nem de ninguém, apenas guardamos o Mistério!” “Eu creio que todos os que trabalham na Cáritas se surpreendem como há tanta disponibilidade e sobretudo de tanta gente pobre, como Maria, e nós temos de estar diante desta realidade que Maria encarna e que continua na Igreja. D. Manuel Clemente lembrou a todos os colaboradores e voluntários da Cáritas Portuguesa da importância de termos sempre presente que esta “é uma obra que não começa em nós e que não acaba em nós”, pelo que “não entravar a obra do Espírito.”

Há dois mil anos, mais de dois mil anos, um pai e uma mãe, grávida do seu primeiro filho, tiveram de sair da sua casa, da sua terra, da sua gente, para procurar refúgio num lugar onde encontraram hostilidade e desconfiança. Sem recursos e sem apoio tiveram de se abrigar num casebre onde nasceu o seu filho. Hoje encontramos esta história nos jornais diários, nas noticias da televisão, nos intercalares da rádio. Hoje esta é a história de muitas famílias Sírias, do Médio Oriente e de tantos outros lugares onde a guerra atropela os Direitos Humanos.

Chegar a estas famílias é a missão da Igreja, é a missão da Cáritas. Há dois mil anos a Cáritas seria a porta aberta para acolher esta família em caminho. É este, hoje e sempre, o nosso desafio. Olhar para fora das nossas fronteiras, sair da nossa segurança, estar onde mais ninguém está. Estar. Simplesmente estar. Saber escutar, saber acolher, saber ser coração. Isto, lembra-nos todos os dias o Papa Francisco, é ser Igreja.

Nestes dias, celebramos de forma mais efusiva este gesto de amor que é o nascimento do Príncipe da Paz. Na Cáritas, durante o último ano, procurámos celebrar este gesto de entrega ao próximo em todos os projetos nos quais estivemos envolvidos. Definindo uma estratégia de ação para os próximos 3 anos que nos permita desenvolver um trabalho de ação social feito na proximidade. Criámos projetos com o objetivo de dar oportunidades de recomeçar sendo geradores de vida e de esperança para aqueles que estão já em situação de grande precariedade e no limite das suas forças. Projetos que promovem a empregabilidade – In Spira – e a criação do próprio emprego – Cria(c)tividade. Aderimos à campanha Internacional “uma só família humana, alimento para todos”. Uma campanha que uniu todas as Cáritas, em todo o mundo, num esforço de consciencialização para o direito à alimentação, a importância da segurança alimentar e para o combate ao desperdício, nomeadamente, através do consumo responsável.

Recordamos aqui, também, as palavras do Cardeal Maradiaga, presidente da Caritas Internationalis, na sua mensagem de Advento para toda a rede Cáritas: “uma só família humana” já é realidade façamos que o “alimento para todos” também o seja.

Desejamos, neste Natal, que o Menino Jesus renasça no coração de todos os homens e mulheres e que a ação do Espírito possa agir no coração de todos, de forma a que se cumpra o “Mistério”.