Migrações e Família
Migrações e Família foi o tema do XV Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, promovido pela Agência Ecclesia, a Cáritas Portuguesa, o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e a Obra Católica Portuguesa de Migrações, que de correu na diocese de Setúbal entre os dias 16 e 18 de janeiro de 2015 e que reuniu uma centena de participantes.
O Encontro iniciou com uma conferência de António Barreto no cineteatro de Palmela, aberto a toda a sociedade, que aderiu ao convite para ouvir o sociólogo e ver o documentário “A grande Debandada”. No sábado, os trabalhos decorreram na Casa de Oração Santa Rafaela, em Palmela, onde se partilharam ideias, projetos e testemunhos; e no domingo na Casa de Santana, em Setúbal, onde Maria do Rosário Carneiro apresentou os desafios que se colocam à família, numa conferência também aberta a toda a comunidade.
O XV Encontro terminou com a celebração da Eucaristia do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, na Sé de Setúbal, presidida por D. António Vitalino Dantas, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
A partir das experiências apresentadas, das comunicações realizadas e do debate entre os participantes, o XV Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações considera que:
A emigração é um indicador relevante da sociedade portuguesa, atingindo-se na atualidade vagas migratórias próximas das que aconteceram nos anos 60.
O enquadramento legislativo e a deslocalização empresarial dificulta a fixação de população e a estabilidade familiar em regiões periféricas, poucas vezes capazes de oferecer condições para fixar população, nomeadamente juvenil e qualificada;
“A emigração é um problema a menos e uma remessa a mais” para o país de origem, o que motiva afirmações e atitudes por vezes contraditórias por parte de entidades administrativas e sociais;
Quando forçada, a emigração é uma das decisões “mais violentas” na estrutura familiar, porque implica afeto, alterações num projeto de vida; quando uma opção, é uma oportunidade de descoberta vocacional, aperfeiçoamento pessoal e saída profissional;
Apesar de ser sempre um projeto familiar, as famílias em contexto de migração têm perfis heterogéneos, diversidade de modelos e pluralismo de caminhadas;
Nas comunidades de origem e de destino dos migrantes, há uma nova configuração dos dinamismos crentes, novos modelos de pertença e novas expressões de fé.
No decorrer da análise ao tema Migrações e Família, os agentes sociopastorais das migrações fixaram, entre outros, os seguintes desafios:
Promover uma visão positiva da emigração e criar estruturas e grupos que se coloquem ao serviço das migrações, realizando um acolhimento ativo, pessoal e comunitário;
Tomar consciência dos pressupostos da vida cristã e eclesial, respondendo a questões concretas que partam de diagnósticos realizados em proximidade e que exigem disponibilidade para diferenças possivelmente maiores das que estamos habituados ou preparados para admitir;
Propor atitudes e comportamentos que permitam às comunidades ser “família de famílias” e também dos que não têm família, na certeza de que a humanização da migração é um verdadeiro serviço ao Evangelho, onde o anúncio também acontece através do testemunho dos crentes em contexto de mobilidade;
“Terá chegado a hora” de procurar novos modelos de animação pastoral das comunidades católicas na diáspora a partir de projetos bilingues, inseridos nos contextos de destino, que permitem enriquecimento recíproco;
Incluir as respostas sociais nos projetos de acolhimento às vagas da emigração da atualidade, considerando as necessárias ajudas à procura de emprego ou casa, por exemplo;
Promover a interculturalidade, tanto nos contextos de origem como nos de partida de cada migrante, certos de que a multiculturalidade é um desafio possível em estratégias de integração de diferentes culturas e religiões;
Ajudar as famílias a realizarem a sua missão de serem comunidades de amor, serviço de vida, construtoras da sociedade, células ativas da vida da Igreja;
Motivar para as temáticas em debate no contexto do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que inspiraram este Encontro, com a disponibilidade de incluir o realismo do percurso de cada família na atenção pastoral das comunidades.
No decorrer dos trabalhos, os participantes no XV Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações expressam gratidão pelo trabalho desenvolvido por frei Francisco Sales Dinis como diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações, onde promoveu a dinamização da problemática migrante, em Portugal e além-fronteiras, criando proximidade crescente a cada pessoa e a cada agente da Pastoral da Mobilidade Humana. Desejam também à nova diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Eugénia Costa Quaresma, criatividade e paixão na dinamização deste setor da pastoral da Igreja, manifestando disponibilidade para colaborar em todos os projetos que promovam a família em contexto de migração.