Páscoa a festa do encontro com o outro
Durante a Quaresma fomos desafiados pelo Papa Francisco a olhar de frente para os outros, a sentirmo-nos parte dos seus problemas e, principalmente, a fazermo-nos parte das soluções. Este era o desafio: «A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum».
Para nós, Cáritas, este é um desafio que nos é colocado diariamente. Somos chamados a olhar o outro através das dificuldades que nos apresenta e, com ele, descobrir caminhos que o conduzam à salvação.São muitos os que aguardam que surja a madrugada de uma vida nova, porque ainda se encontram pregados na cruz, hoje, com configurações diferentes, tais como: o desemprego e o medo de não voltar a encontrar trabalho ou de nem tão cedo iniciar uma atividade laboral; de perder a casa que habitam ou viver nela às escuras ou sem água ou possibilidades de cozinhar; de adiar a toma de medicamentos ou realizar tratamentos por não ter forma de os pagar; de ver crianças que dependem da escola para tomar uma refeição adequada; de depressões psíquicas que levam, algumas vezes, a atitudes violentas contra si próprios ou contra outros…
Hoje, os que passam junto dessa “cruz” não injuriam, como fizeram os que estavam, no monte do Calvário, proferindo provocações como esta: “Salvou os outros e agora não se salva a si mesmo”. Dizem: “só estão crucificados porque viveram acima das suas possibilidades”, entre outras justificações.
Está próxima a festa maior dos cristãos, a festa da alegria, que é a Páscoa. Também nós cristãos somos chamados a viver como ressuscitados, não como algo que vamos viver, um dia, no encontro definitivo com Deus, mas como algo que podemos fazer acontecer na nossa vida diária. É disto que nos fala Francisco quando nos chama a abrir os olhos para a mundo e para o outros e a não ficarmos indiferentes, ou seja, a não sermos parte dessa “globalização da indiferença”.
Na Páscoa celebramos, todos juntos, como comunidade, família, humanidade, a alegria da Ressurreição como sinal de esperança, como gesto de promoção da justiça. A Ressurreição de Jesus é esse acontecimento claro e concreto que também nós, cristãos, somo chamados a fazer acontecer todos os dias, fazendo ressuscitar, através da luta por mais justiça e pela vivência do amor, cada vida das “mortes” a que muitos são condenados por uma “economia que mata”.
Vivamos esta Páscoa, sabendo que ninguém nem nada nos há-de conseguir “roubar a esperança” de garantir a ressurreição aos que jazem nas sombras das injustiças com o nosso empenho em fazer que o Céu começa já hoje e onde estamos. Só assim nos será garantida a vida eterna plena do Amor que nos permitirá alcançar a felicidade eterna.