Uma Igreja pobre para os pobres!
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, que acompanha os trabalhos desta assembleia destaca a importância que é dada nesta Assembleia para a temática do cuidado com a Criação. “O Cardeal Maradiaga na sua rica intervenção realçou que a campanha internacional na qual a Cáritas Portuguesa também aderiu – ‘uma só família humana, alimento para todos’ – passa agora para uma outra visão extensiva ao cuidar da criação porque sem ele não será possível garantir alimentação mesmo todos e mesmo que neste momento ainda a têm”. Eugénio Fonseca explicou que este vai ser o mote da ação da Caritas Internationalis, para os próximos anos, por isso, também para a Cáritas Portuguesa.
Presente na sessão de abertura esteve o Mons Gianpietro Dal Toso, Secretário-Geral do Pontifício Conselho Cor Unum, responsável pela coordenação das organizações e iniciativas de caridade da Igreja Católica, que abordou na sua comunicação a implementação do novo estatuto legal que resulta das indicações do motu próprio que, por usa vez, representa um referencial legal e que obriga à revisão estatutária das Cáritas nacionais e respectivas diocesanas à luz destes princípios.
Mons Gianpietro Dal Toso, informou os presentes da intenção de convidar as Conferencias Episcopais nacionais para, em outubro próximo, na comemoração dos dez anos da publicação da Encíclica Deus Caritas Est, refletirem sobre a ação caritativa da Igreja. Para Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, esta iniciativa “vai ser um marco importante para a comunhão entre a prática organizativa da caridade nas diferentes Igrejas espelhadas pelo mundo.”
O teólogo Pe. Gustavo Gutierrez, foi também um dos oradores convidados para o início desta Assembleia geral da Caritas Internationalis. O Pe. Gustavo Gutierrez desenvolveu a sua reflexão em torno daquele que é também o grande desígnio do Papa Francisco: “uma Igreja pobre para os pobres”. Fundador da designada teologia da libertação, centrou a sua comunicação na necessidade de colocar as pessoas no centro de tudo o que é estratégia política e económica porque o ser humano tem uma dignidade sublime e deve ser a preocupação de topo de toda a ação da Igreja.” O Pe. Gustavo Gutierrez, referiu ainda a necessidade se se apostar ainda mais na dignificação da intervenção do papel das mulheres na intervenção na sociedade.
Daquilo que presenciou Eugénio Fonseca destaca a visão de futuro que deve ser tida em conta sobre as novas formas de desigualdades do mundo: “as desigualdades vão determinar o futuro do mundo e fala-se hoje muito das desigualdades económicas mas aqui está a ser também realçada a desigualdade em termos ambientais. Sem resolvermos estas desigualdades nós vamos pôr em causa o futuro do mundo.”
A Terceira Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Adis Abeba, na Etiópia; a Cúpula pós-2015, em Nova York; a Conferência sobre o Clima, em Paris. Em 2015 estas são oportunidades fundamentais para que se possa definir uma estratégia que permita alcançar um mundo efetivamente mais justo. Apesar dos sinais contraditórios é urgente que haja nos países um compromisso de envolvimento que permita alcançar este objectivo. Eugénio Fonseca, neste contexto, a responsabilidade do governo português “que Portugal através dos seus governantes faça tudo para deixar de ser um país que reflete estas desigualdades, no campo económico e social e que passe a integrar o grupo de países que lideram a procura de uma solução que leve à diminuição e até mesmo à eliminação destes desequilíbrios.”
Sobre a sua participação nesta Assembleia Geral, o presidente da Cáritas Portuguesa, afirma ser um momento importante de renovação e motivação: “é óbvio que a Cáritas a partir desta sua conferência fica mais motivada para intensificar o seu trabalho na defesa deste conjunto de preocupações”. No que diz respeito à campanha “uma só família humana, alimento para todos” e esta sua nova perspectiva de preocupação com a Criação, fica o compromisso de que “seja levada com vigor de modo a darmos um contributo valorativo na diminuição das desigualdades. Só podemos criar melhores condições de vida para as pessoas se formos capazes de alterar o curso destruidor que o planeta está a tomar.”