Uma só Família Humana, Cuidar da Criação
A Assembleia Geral da Caritas Internationalis termina com uma visão reforçada da importância da dimensão de cuidar da criação”. Foram mais de 400 pessoas, de 160 organizações nacionais da Cáritas, reunidos em Roma, num encontro que elegeu um novo presidente, tesoureiro e ratificou a nomeação do secretário-geral.
No encerramento o Cardeal Luís António Tagle, arcebispo de Manila, recém-eleito presidente da Caritas Internationalis, recordou as palavras do Papa Francisco, no início da Assembleia: “o Papa Francisco deu-nos palavras inspiradoras sobre ampliarmos a nossa ação no início de nossa Assembleia Geral. Com o lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a esperada encíclica do Papa Francisco sobre a ecologia e a reunião climática da ONU em Paris, este ano, a Cáritas vai trabalhar no sentido de colocar a família humana e a dignidade humana no centro do desenvolvimento”.
Tendo em atenção os ODS, a mensagem final da Assembleia Geral afirma precisamente que “nenhum objetivo deve ser considerado alcançado a não ser que inclua todas as pessoas e todos os grupos sociais.” A Cáritas apresenta, assim, uma estratégia centrada na pessoa. A mensagem de conclusão dos trabalhos exorta também os governos a verem o mundo para além das suas fronteiras e reconhecerem o imperativo moral inerente ao cuidado com a criação.
Este tema dá, assim, continuidade à estratégia já desenhada e trabalhada durante os últimos anos e que foi alvo da primeira campanha mundial da Cáritas: “uma só família humana, alimento para todos”. Uma campanha que foi acarinhada desde o seu inicio pelo Papa Francisco e na qual Portugal também participou com o apoio da Conferência Episcopal. “Esta campanha foi muito importante não só no alerta para a tragédia que é a fome no mundo, mas, também, na consciencialização para a importância de se praticar uma alimentação equilibrada, saudável e de combate ao desperdício”, explica Eugénio Fonseca que saúda todas as Cáritas diocesanas que se envolveram nesta iniciativa promovendo diferentes atividades.
Quanto ao trabalho futuro a preocupação está também na necessidade de se dar continuidade ao processo de desenvolvimento institucional sustentável. “Porque os pobres merecem o melhor, a Caritas Internationalis irá cuidar de um programa que vise o seu reforço institucional. Este desígnio aponta, claramente, para o aumento das competências de cooperação e comunhão, a todos os níveis, desde o internacional ao paroquial”, explica o presidente da Cáritas Portuguesa relatando ainda que “foi unânime a convicção de que as Cáritas não podem estar isoladas ou amarradas a uma forma de se relacionar que esteja centrada em volta de si próprias, como acontece agora em muitas situações.” Para Eugénio Fonseca sai reforçada desta Assembleia Geral a necessidade de “cada Cáritas sair de si mesma, trabalhar necessidades e realidades concretas com competência (profissionalismo) e formação de coração. Isoladas e desarticuladas as Cáritas não conseguirão ser o serviço da Igreja para os pobres”.
Os jovens também tiveram lugar na Assembleia Geral da Cáritas. Pediram mais espaço para a sua intervenção no governo e na ação da Cáritas e desafiaram as organizações a serem mais assertivas de modo a permitirem uma maior integração dos mais jovens nos serviços existentes e não, propriamente, a criação de grupos de jovens especificamente para esta missão. “Esta dimensão é fundamental para a sustentabilidade organizativa da caridade nas paróquias, dioceses e respetivos países, sem isso perder-se-á a possibilidade de ter futuros dirigentes políticos e governantes marcados pelos verdadeiros princípios da justiça e da caridade”, defende Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa que acompanhou em Roma os trabalhos desta Assembleia Geral.
Por fim os delegados chamam também a atenção para a difícil situação dos cristãos que sofrem perseguição religiosa na Síria e no Iraque e dos migrantes e refugiados de todo o mundo: “Instamos os governos para construirem refúgios e corredores humanitários, em vez de cercas, muros ou programas de interdição no mar.”
O Sudão do Sul tornou-se a organização membro nacional 165 da confederação Caritas Internationalis que tem, a by BestSaveForYou”> partir de agora, na figura de Oscar Romero, assassinado em pé com os pobres de El Salvador, o seu patrono.