Cáritas com os migrantes e refugiados
Os migrantes que trabalham em campos ou em zonas de construção podem estar a ser sobrecarregados e mal pagos; os trabalhadores domésticos podem enfrentar abusos físicos e sexuais e as crianças podem ser mantidas afastadas da escola para executarem outras funções. Os riscos enfrentados pelos migrantes são muitos.
Alguns são enganados por pessoas em quem confiam. São vendidos para escravos ou para prostituição ou são presos por grupos de crime organizado. Podem também ser abusados pelas autoridades da lei, bem como pelas agências de emprego. A Cáritas apoia os migrantes para que estes tenham acesso aos seus direitos e ajuda-os a viver com dignidade, defendendo uma melhor legislação para os proteger. Fornece linhas diretas, abrigos, ajuda jurídica e treinamento profissional para migrantes. Funciona através das fronteiras, ligando o apoio entre os países que eles deixam e os países a que chegam. Garante que os migrantes estejam conscientes dos riscos antes de deixarem as suas casas e saibam como obter ajuda depois. Através de campanhas de advocacy, a Cáritas está empenhada em acabar com o abuso, lembrando-nos que os migrantes são parte da nossa família humana e são reconhecidos pelas contribuições positivas que fazem. A Cáritas trabalha para mudar as leis para que os migrantes sejam tratados com justiça e pressiona os tratados internacionais sobre migrantes, refugiados, requerentes de asilo e pessoas traficadas a serem adotados, ratificados e implementados.
A Cáritas tem um papel a desempenhar na contribuição para soluções a longo prazo, para construir sociedades de acolhimento e promover a integração de migrantes e refugiados nos países recetores, bem como de pessoas excluídas no seu próprio país. A integração deve ser um “processo dinâmico e multidirecional em que os recém-chegados e as comunidades recetoras trabalhem intencionalmente em conjunto, com base num compromisso compartilhado com a tolerância e a justiça, para criar uma sociedade segura, acolhedora, vibrante e coesa”.
O advocacy na Cáritas Portuguesa
Na Cáritas vemos diariamente como as pessoas sofrem devido à pobreza, desigualdade, tratamento injusto, discriminação, violência e exclusão. A Cáritas ajuda as pessoas necessitadas, através de projetos inovadores e de serviços e demonstrando que um mundo melhor é possível. Mas o trabalho não fica por aí. Na Cáritas analisamos também a dimensão e as causas estruturais dessas situações de forma a garantir que a centralidade da pessoa é aplicada em políticas e comportamentos sociais.
O advocacy, ou seja, a reivindicação de justiça para os pobres e excluídos, é uma consequência natural e uma dimensão intrínseca da ação da Cáritas, e que se baseia nos dois pilares das virtudes cristãs da caridade e da justiça.
O advocacy é importante, uma vez que trabalha para mudanças estruturais, partindo da base para a sua extensão global, para melhorar a qualidade de vida de pessoas e comunidades que enfrentam a pobreza e marginalização. Este trabalho traduz-se na mudança de políticas e de práticas institucionais, processos e sistemas legais e políticos visando uma mudança nas atitudes, mentalidades e comportamentos dos residentes e das partes interessadas.
Em sequência da crise de refugiados e da situação que a Europa tem vivido nos últimos anos, a Cáritas Europa apresentou, em dezembro de 2016, uma nova publicação “Welcome: Migrants make Europe stronger”, lançando um alerta sobre as barreiras que impedem que milhões de imigrantes se tornem membros de pleno direito das sociedades europeias em que vivem. Estas barreiras privam os imigrantes da sua dignidade e impedem que a Europa beneficie do potencial da sua contribuição para melhorar a situação social, cultural e económica do continente. Nesta publicação, a Cáritas Europa apresenta uma série de boas práticas implementadas no terreno por diversas Cáritas nacionais, em parceria com outras organizações. A Cáritas Portuguesa participou na construção deste documento, apresentando como boa prática o projeto da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados.
Os Refugiados
Várias são as razões que explicam o afastamento das pessoas das suas casas: para encontrar trabalho, escapar da guerra, dos desastres naturais, da pobreza, da perseguição, da desigualdade e da fome. A migração sempre aconteceu e sempre acontecerá e, por ser uma situação arriscada, deixa muitas pessoas vulneráveis à exploração e ao abuso, quer estejam a mover-se nos seus próprios países ou para outros países.
Em 2015, 65,1 milhões de pessoas sem precedentes em todo o mundo foram forçadas a sair das suas casas. Entre elas estão quase 21,3 milhões de refugiados, o equivalente a duas vezes a população inteira de Portugal, e mais de metade dos quais são menores de 18 anos. Muitas destas crianças migram sozinhas e não como parte integrante de um grupo familiar, o que constitui uma terrível experiência que chega, muitas vezes, a ser mortal.
O sentimento anti-migrante e a propagação do ódio contra migrantes, refugiados e pessoas internamente deslocadas está atualmente em ascensão na Europa. As exibições de ódio que emergem são frequentemente violentas, incluindo ataques contra migrantes e refugiados e contra os centros de acolhimento, bem como a propagação de atos e mensagens de ódio por toda a sociedade. As manifestações populistas levam a detenções forçadas, à incapacidade de obter um status legal e a situações de discriminação, nomeadamente no acesso ao mercado de trabalho, à habitação e a outros serviços de que migrantes e refugiados deveriam poder usufruir.
A Cáritas reconhece a bravura e a força de espirito de todos aqueles que desejam e lutam para construir uma vida melhor para si e para as suas famílias. No entanto, quer que a migração seja uma escolha informada e defende que os migrantes devam ser devidamente protegidos pela lei. A Cáritas acredita numa visão positiva da migração – os migrantes devem ser bem-vindos, uma vez que trazem muitos benefícios para os países que os recebem.
OS NOVOS PROJETOS DA CÁRITAS PARA 2017
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