Dia Internacional da Caridade
Por iniciativa da ONU, através da Resolução 67/105 de 2012, foi instituído o 5 de setembro, Dia Internacional da Caridade. Quis, assim, as Nações Unidas mostrar a importância das instituições da sociedade civil, dos governos dos países e de todas e cada uma das pessoas do mundo que, pela prática da caridade, procuram ajudar a superar todo o tipo de sofrimento. Na evocação do dia da morte da Madre Teresa de Calcutá esteve a motivação para a escolha da data.
É significativo que a instituição política de maior relevância mundial tenha decidido que um dia do ano fosse dedicado à caridade. Com efeito, a palavra caridade é mal-amada. Há quem se recuse a utilizá-la para justificar a motivação subjacente a ações que visem superar injustiças, promover direitos humanos e defender a dignidade de cada pessoa, em particular das que vivem em situação de maior vulnerabilidade económica e social. É verdade que, em nome da caridade, se têm tido comportamentos e se realizam atividades que não deixam transparecer o amor que devia ser a “força motriz” de tudo o que tem a ver com o bem comum e o de cada pessoa. Afinal, a origem latina da palavra caridade é caritas que significa “afeto ou estima”. Este termo latino, por sua vez, tem a sua origem em carus, do qual derivam as palavras “agradável, querido”.
A Cáritas Portuguesa saúda todos os cidadãos e cidadãs que, a título individual ou através das instituições que integram, têm a consciência de que «a caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer ao outro do que é “meu”; mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é “dele”, o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir. Não posso “dar” ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de mais nada, justo para com eles. A justiça não só não é alheia à caridade, não só não é um caminho alternativo ou paralelo à caridade, mas é “inseparável da caridade”, é-lhe intrínseca. A justiça é o primeiro caminho da caridade.» (Bento XVI, Caritas in vetitate, 6).
A Cáritas Portuguesa deseja que todas as ações realizadas em nome da caridade sejam motores de transformação das situações “inumanas em humanas”, contribuindo assim para a reabilitação de um palavra de tão nobre e exigente sentido, através de uma renovação credível da forma de a praticar.
Pelo significado deste dia, tem um valor acrescido o agradecimento da Cáritas a todos e todas que, no último fim de semana, participaram na campanha de recolha de matéria escolar “É Capaz de lhes dizer que não?” para que crianças pobres não tenham, ao longo do próximo ano letivo, sentimentos de exclusão. Esta é uma das evidências de que uma simples dádiva pode ser mesmo transformadora, sendo o acesso à educação um meio incontornável para que tal aconteça.
Que Madre Teresa, padroeira da Cáritas a nível mundial, nos inspire sempre com uma das suas máximas que diz: O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.