A Ação Sócio Educativa dos Jesuítas e o Colégio de São Fiel
A Biblioteca Municipal do Fundão, no passado dia 03 de maio, foi palco da sessão de apresentação do livro “A Ação Socio Educativa dos Jesuítas e o Colégio de São Fiel (1863-1910)”, coordenado por Ernesto Candeias Martins. Perante uma assembleia com mais de 30 pessoas, esta foi a terceira apresentação desta obra tendo a primeira sido realizada no inicio de março , em Louriçal do Campo, local onde se encontra o colégio que é objeto de estudo deste livro e a segunda na Universidade Lusófona, em Lisboa.
Da mesa da sessão fizeram parte o Paulo Águas, vereador da Câmara Municipal do Fundão, em representação do Presidente da Câmara, Luísa Vasconcelos e Sousa, membro da Real Associação, Manuel Portugal, presidente da Cáritas Diocesana da Guarda, em representação do Sr. Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício. Foram também presença Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa e o autor e coordenador do livroErnesto Candeias Martins.
Paulo Águas, anfitrião e organizador desta sessão de apresentação, deu as boas vindas a todos os presentes congratulando-se com a apresentação desta obra nesta terra próxima do Colégio de São Fiel e que, como tal, com ele mantinha relações de vária ordem. Um referencia, naturalmente, para a cereja, fruto de referência do concelho de Fundão, que, sem confirmação cientifica, se pensa terá a sua origem no Japão, tendo sido trazida por jesuítas.
Luísa Vasconcelos e Sousa, membro da Real Associação, congratulou-se pela evocação da época que retrata esta obra e que diz respeito a várias décadas do período monárquico em Portugal. Por sua vez, Manuel Portugal, Presidente da Cáritas Diocesana da Guarda, para além de saudar todos os presentes e de se congratular com a realização de mais uma sessão de apresentação desta obra, aproveitou para recordar a identidade e missão da Cáritas Diocesana da Guarda no âmbito do seu território, o qual abarca o concelho do Fundão.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, referiu-se igualmente à identidade e missão da Cáritas que passa não só pela satisfação de necessidades materiais mas também por uma atenção à cultura e à promoção das pessoas e dos territórios, para que sejam o mais possível autónomos. Recordou, como tal, que mais do que gerir a pobreza dos pobres, o papel da Cáritas é libertar os pobres da situação em que se encontram. Neste sentido, afirma-se a Editorial Cáritas que, de uma maneira científica, séria e rigorosa, procura veicular os valores do Evangelho e do Pensamento Social Cristão, em ordem à transformação social. Como tal, agradeceu ao autor do livro ser já este o quinto livro que edita através da Editorial Cáritas, traduzindo-se numa oportunidade para todos desfrutarmos da sua investigação, saber e conclusões. Para além de um exercício de memória histórica estamos, pois, salientou, perante um exercício de projeção do futuro, seja a nível de orientações pedagógicas, seja a nível de integração social.
Ernesto Candeias, após um breve enquadramento da obra, chamou a atenção para cinco grandes pontos na sua apresentação: a) a importância da Companhia de Jesus a nível social e educativo, com os seus contributos vanguardistas para o aparecimento dos colégios e para o desenvolvimento da ratio studiorum; b) a importância de dois grandes colégios que se destacaram nesta época: o colégio de Campolide (1858) e o Colégio de São Fiel (1863); c) a importância destes colégios como centros de ciência e de arte, por onde passaram grandes pessoas de referência dos último 150 anos, entre os quais se destaca o Prémio Nobel da Medicina, o português Egas Moniz; d) a importância dos espaços e dos métodos de ensino que aí foram desenvolvidos; e) e o seu pioneirismo a nível de ciência. Como tal, defendeu que estamos perante um exercício de memória registada e narrada mas também perante um exercício de memória viva e que faz deste Colégio um caso singular no ensino em Portugal.
No final das intervenções da Mesa de apresentação do Livro ainda houve tempo para várias intervenções da assistência, umas referindo-se a alguns factos evocados pelo organizador da obra, outras relativas ao futuro do edifício do Colégio de São Fiel que, neste momento, se encontra com um elevado grau de destruição face ao incêndio que o invadiu no passado Verão.