A Confederação Cáritas acolhe com satisfação a nova exortação apostólica Laudate Deum, lançada pelo Papa Francisco na festa litúrgica de São Francisco de Assis, dia 4 de outubro. A carta é uma “atualização” de encíclica Laudato Si’, publicada em maio de 2015, e expressa as preocupações profundas do Papa sobre o cuidado com a nossa Casa Comum.

A Cáritas partilha das preocupações de Francisco sobre as mudanças climáticas e, especialmente, o seu impacto nas pessoas mais vulneráveis, que frequentemente precisam de deixar as suas casas na sequência de eventos provocados pelas alterações climáticas e, desta forma, escapar a doenças, secas, inundações, chuvas intensas, escassez de alimentos e água potável, e erosão costeira.

Em resposta às mensagens do Papa Francisco nas encíclicas “Laudato Si'” (2015) e “Fratelli tutti” (2020), a Caritas Internationalis lançou sua campanha global “Together We” sobre ecologia integral em dezembro de 2021 para mobilizar toda a confederação na criação de uma “comunidade de cuidado”. Os voluntários e colaboradores da Cáritas, em todos o mundo e incluindo Portugal, continuam a procurar formas criativas de cuidar do meio ambiente ao nível das bases, ao mesmo tempo que apoiam as pessoas que sofrem com as mudanças climáticas.

Agora, a exortação apostólica Laudate Deum oferece às organizações como a Cáritas uma nova inspiração para combater a degradação ambiental e social. Oito anos após sua primeira encíclica ecológica, o apelo do Papa Francisco pelo cuidado com o meio ambiente tornou-se ainda mais profundo e urgente: “Percebi que as nossas respostas não foram adequadas, enquanto o mundo em que vivemos está a entrar em colapso e pode estar a aproximar-se de um ponto crítico”. Nos seis capítulos e 73 parágrafos do Laudate Deum, o Papa Francisco apela a cada um de nós, especialmente aqueles no poder, à co-responsabilidade e a agir antes que seja tarde demais.

O Santo Padre dedica um capítulo às conferências sobre o clima, sem esconder que houve resultados insatisfatórios em alguns casos. Menciona, por exemplo, a “deceção da COP25 em Madrid” e destaca também alguns avanços, como o progresso alcançado na COP27 em Sharm El Sheikh na consolidação de um sistema de financiamento para “perdas e danos” nos países mais afetados por desastres climáticos. O quinto capítulo do Laudate Deum está focado na próxima COP28, que ocorrerá em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023. O Papa Francisco acredita que a COP28 pode “representar uma mudança de direção, mostrando que tudo o que foi feito desde 1992 foi de facto sério e valeu o esforço, ou então será uma grande deceção e colocará em risco tudo o que foi alcançado até agora” (54).

A nova exortação apostólica é um apelo extremamente urgente para traduzir a preocupação generalizada com as mudanças climáticas e a degradação ambiental em ações concretas: “Devemos ir além da mentalidade de parecermos preocupados, mas não termos a coragem necessária para produzir mudanças substanciais” (56).