Vaticano pede solidariedade no meio da crise financeira
O Vaticano espera que a comunidade internacional respeite os seus compromissos em matéria de ajuda ao desenvolvimento, apesar da actual crise financeira.
O apelo foi lançado esta Quinta-feira, durante um seminário de estudo convocado pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), tendo em vista a Conferência das Nações Unidas em Doha, Qatar, sobre o financiamento ao desenvolvimento, que decorrerá de 29 de Novembro a 2 de Dezembro.
Na abertura dos trabalhos, o presidente do CPJP, Cardeal Renato Martino, lembrou que muitas famílias no mundo se limitam a sobreviver e não têm oportunidade de ser protagonistas do próprio desenvolvimento. “Demasiadas pessoas são obrigadas a emigrar, demasiadas pessoas continuam a ser oprimidas pela pobreza absoluta e a viver em países onde a dívida lhes impossibilita o acesso aos serviços básicos. Nesta perspectiva, o financiamento ao desenvolvimento deve compreender todos os aspectos da vida, o indivíduo, a família, a comunidade e o mundo”, indicou.
Para o antigo representante da Santa Sé na ONU, o colapso financeiro mundial das últimas semanas levou todos a reconhecerem-se como uma única humanidade: “Todos devemos colaborar para o bem de todos. Esta é a globalização, o reflexo que essas crises têm em todo o mundo e, depois, a necessidade que se impõe de solidariedade também para com os países menores, mais pobres”.
Seis anos depois da declaração de Monterrey, o Cardeal Martino diz que “as boas intenções e as boas vontades, apesar de serem essenciais, não foram suficientes para criar um desenvolvimento sustentável”.
Para Doha, o CPJP pretende “levantar o problema da responsabilidade ética e moral dos governos que, há seis anos, assumiram um compromisso que ainda hoje não foi cumprido”.