Bispos dos países industrializados pressionam G8
A propósito da realização da cimeira do G8, na cidade alemã de Heiligendamm, os Bispos católicos dos países mais industrializados do mundo escreveram aos líderes dos países presentes na cimeira, pedindo soluções concretas para os principais problemas que afectam o planeta.
Na missiva pedem-se “acções audazes para erradicar a pobreza global” e actuar em áreas como a saúde, as mudanças climáticas, a paz e a segurança. Este é mais um apelo a juntar à longa lista de intervenções dirigidas ao G8, desde o Papa às organizações católicas de solidariedade.
Os bispos louvam a iniciativa do G8 em Gleneagles (Escócia), no ano de 2005, quando os países mais ricos do mundo se empenharam em investir, até o ano 2010, nos países em desenvolvimento, 50 mil milhões de dólares por ano, metade dos quais destinados a África. Os prelados lamentam, todavia, que, durante todo o ano de 2006, as ajudas dos países industrializados aos países em desenvolvimento não se tenham concretizado.
“Nós pedimos que ajam, tendo em conta as obrigações morais que partilhamos, pelo bem-estar de cada pessoa humana, mas também porque, ao substituirmos o desespero pela esperança, em África, conseguiremos para todos um mundo mais seguro”, exortam os presidentes dos Episcopados dos países do G8, em carta divulgada pela Rádio Vaticano.
Entre os temas mais urgentes, segundo os bispos, estão a prevenção da SIDA, as mudanças climáticas, o respeito pelos recursos naturais do planeta, a crise humanitária na região sudanesa do Darfur e a educação.
“Rezamos para que o vosso encontro seja abençoado por um espírito de colaboração que permita aos líderes do G-8 de trabalhar pelo bem comum, adoptando medidas concretas, no que diz respeito à pobreza global, à prevenção na área da saúde, às mudanças climáticas, à paz e à segurança”, conclui a missiva.
Antes desta carta, já os participantes na Conferência de Aparecida tinham deixado um apelo ao G8. “Embora os países do G8 não tenham um mandato para um governo global, as suas decisões acarretam amplas consequências para a vida de milhões de pessoas em todo o mundo”, escreveram, num telegrama, os Bispos que participaram na V Conferência Geral do episcopado latino-americano e caribenho.
“Assumindo a nossa responsabilidade de pastores dos nossos povos tão sofredores devido às injustas relações entre países pobres e países ricos, apelamos aos chefes de Estado e de Governo do G8 que guiem a economia mundial para um desenvolvimento humano, ecológico e sustentável, fundado sobre a justiça, a solidariedade, e o bem comum global”, acrescentam.
Em Maio, um grupo de 11 Cardeais e Bispo de todo o mundo esteve em périplo pela Europa, numa campanha de pressão sobre o G8. O Cardeal hondurenho Oscar Rodriguez Maradiaga, que liderou a comitiva, revelou aos jornalistas que Bento XVI estimulou o seu trabalho e pediu aos presentes que continuassem “a fazer o bem pelo mundo”.
Este grupo de Cardeais e Bispos apresentou uma declaração em Berlim, manifestando “desilusão” pelo atraso dos países mais ricos em cumprir as promessas de ajuda ao desenvolvimento. Antes da cimeira do G8, pediam-se garantias, com calendários “fiáveis” de financiamento a meio termo, de que “os objectivos de utilizar 0,51% do PIB até 2010 e 0,7% do PIB até 2015 para a cooperação em matéria de desenvolvimento sejam efectivamente atingidos”.
Fonte: Agência Ecclesia