Cáritas faz balanço da situação humanitária no Líbano
Um ano após o início dos confrontos entre Israel e o Líbano, grande parte do sul libanês continua em guerra, enquanto as questões políticas e o medo dificultam o trabalho de reconstrução, alerta a Cáritas.
Num comunicado, difundido na passada Terça-feira pela Cáritas Internacionalis, a organização faz um balanço da situação actual na região, onde as tensões entre diferentes comunidades libanesas e o temor de outra guerra contam-se entre os factores que estão a atrasar a recuperação da normalidade.
Najla Chahda, responsável pela Unidade de Resposta Humanitária da Cáritas do Líbano, reconhece que “o trabalho é difícil porque o medo e a desconfiança persistem”. “Mais a Norte temos um novo conflito ao qual tentamos dar resposta, mas, a situação continua precária e tensa”.
Em Julho de 2006, os combates deixaram uma vasta área do Sul libanês e parte de Beirute em ruínas. A região Norte de Israel sofreu também ataques.
A Cáritas, estima que esses 34 dias de conflito tiveram como resultado a morte de 1.200 libaneses e 150 israelitas. A guerra deslocou ainda um milhão de pessoas do Líbano e entre 300 mil e 500 mil de Israel.
A instituição tem procurado socorrer os mais necessitados, especialmente aqueles que não tinham possibilidade de aceder às ajudas de bens alimentares.
Em plena crise, a Cáritas centrou a sua ajuda em mais de 100 mil pessoas – 10% da população, que se viu obrigada a deixar os seus lares. Enviou alimentos a centenas de famílias, a maioria das localidades do Sul e do vale de Bekaa, enviando, também, abastecimentos a hospitais em Saida e Nabatieh, onde a ajuda exterior foi cancelada. Cerca de 18 mil pessoas receberam combustíveis para poder enfrentar o Inverno.
A Cáritas também pôs em marcha clínicas móveis para prestar assistência a todo o tipo de doentes, estimando-se que mais de 12 mil pessoas tenham recebido cuidados até Março deste ano.
O início da ajuda concentrou-se na emergência alimentar e nos artigos de primeira necessidade, bem como no regresso das crianças à escola. “Psicologicamente, era muito importante que estas crianças voltassem à escola, para que pudessem recuperar um sentido de normalidade”, explica Najla Chahda.
A Cáritas do Líbano implementou, ainda, um programa de apoio aos agricultores atingidos por esta crise, facilitando-lhes crédito, sementes, plantas e outros materiais agrícolas, a fim de que retomem a sua actividade. Neste país, normalmente, os agricultores necessitam de empréstimos para enfrentar as dificuldades do início das culturas. Posteriormente, devolvem os empréstimos, com parte dos lucros obtidos com a colheita. Como resultado deste conflito, muitos destes trabalhadores podem ter perdido as suas colheitas, agravando ainda mais a sua já precária situação económica.
O comunicado de Cáritas cita estimativas das autoridades libanesas, segundo as quais os prejuízos resultantes do estado de guerra elevam-se a 2,8 biliões de dólares. Os 2,2 biliões de lucros previstos, perderam-se, quando estava previsto um crescimento da economia de 5% a 6%, a qual, em contrapartida, desceu 5%.
Fonte: Caritas Internationalis/Agência Ecclesia