Agricultores sonham o regresso à terra
Entre os relatos que as equipas da Cáritas vão recolhendo, das vítimas do Ciclone Idai, em Moçambique, os pequenos agricultores falam do sonho de regresso às suas terras:
Juan Carlos (45 anos) e Anita López Paulo (34 anos) são casados. Têm seis filhos (com idade entre 8 – 23 anos) e cinco netos (todos sob 3 com o mais jovem apenas de 4 semanas de idade) que vivem com eles.
Juan: “Nós vivemos aqui há dez anos. Eu sou um agricultor camponês e tinha uma fazenda de 3 hectares de cultivo de milho, arroz, tomate, batata-doce e mandioca. Como não era o suficiente para alimentar a minha família, então eu também trabalhava em outras fazendas.”
Anita: “No dia do ciclone, os ventos começaram a soprar à tarde, mas logo percebemos que havia ali uma ameaça real. Estávamos escondidos em nossa casa quando o telhado foi arrancado. Corremos para um anexo de barro para nos abrigarmos. Ficamos de pé a noite toda com as mãos sobre as nossas cabeças. No dia seguinte, as inundações vieram de ambos os lados. Eu tive que pegar no meu neto de 4 semanas de idade e pensei que ele ia afogar-se. Quando pudemos corremos para a escola em busca de abrigo e tivemos que ficar lá por quatro dias. Perdemos tudo – nossas roupas, roupas de bebés, utensílios, documentos.
Juan: “Nós tivemos muito medo mesmo. Vimos muitas pessoas que se afogaram e muitas casas a serem levadas pelas inundações. Tentamos remendar o telhado da melhor maneira possível quando voltámos, mas não tínhamos materiais como por exemplo pregos. As nossas colheitas desapareceram todas. Eu consegui salvar um pequeno cacho de bananas vindo a geri-lo para que dure o maior tempo possível”