Conclusões do Encontro Nacional de Assistentes Religiosos das Cáritas Diocesanas
Estiveram reunidos em Fátima os assistentes religiosos das Caritas Diocesanas, a convite do Presidente da Caritas Nacional, com o objectivo de partilharem reflexão e experiências à volta de dois temas: “Estratégias de animação pastoral no âmbito da prática organizada da caridade” e “Sacramento da Caridade – uma Exortação Apostólica para a missão da Caritas”.
Com a colaboração do Rev.do Padre Dr. Georgino Rocha, da Diocese de Aveiro, os assistentes procuraram esclarecer alguns conceitos usados na reflexão pastoral e aprofundar o significado e o lugar da Caridade na acção pastoral, concluindo que a Caridade pertence à natureza e essência da Igreja e, portanto, da sua missão no mundo, como é afirmado várias vezes na encíclica “Deus Caritas est” de Bento XVI.
Toda a prática pastoral tem de ser animada, isto é, receber vida, alma e entusiasmo, pela Caridade cujo modelo é Cristo, Bom Pastor. A credibilidade da Igreja – e daqueles que fazem a animação pastoral – está no amor: só este anuncia Deus e serve o Seu projecto de salvação e dignificação da pessoa humana. Ninguém poderá animar a prática da caridade organizada sem viver, enraizada nas entranhas da sua personalidade, a mística da Caridade, que se alimenta particularmente na Eucaristia.
A reflexão sobre a Eucaristia como Sacramento da Caridade e a sua consequência da missão da Caritas foi orientada pelo Rev.do Cónego Dr. Luís Manuel Pereira da Silva, do Patriarcado de Lisboa. A Exortação Apostólica “Sacramento da Caridade”, de Bento XVI, apresenta a Eucaristia na sua tríplice dimensão: mistério acreditado; mistério celebrado e mistério vivido. A dinâmica da celebração eucarística, que infelizmente continua desconhecida ou esquecida, parte da participação dos cristãos no mistério pascal de Cristo e conduz necessariamente à vida quotidiana, na qual a entrega de amor de Cristo na cruz se concretiza naqueles que fazem parte da comunidade celebrante. Estes fazem seu o dom de entrega de Cristo ao Pai e aos homens e. A celebração da Eucaristia continua na vida, após o “envio”. A esta continuidade entre o mistério celebrado e o seu prolongamento na vida quotidiana fazem, em geral, alusão as orações de pós-comunhão: que vivamos na vida o mistério que celebrámos; que nos tornemos n’Aquele que comungámos…
A falta de compromisso social, a insensibilidade à dimensão social da fé e à responsabilidade na prática da caridade no mundo nascem necessariamente da inconsciência ou do desconhecimento do mistério eucarístico celebrado. Por isso, não só é necessário que a prática da caridade (a missão sócio-caritativa da Igreja) esteja ao mesmo nível de importância que a catequese e a liturgia, mas que estas três dimensões da vida e da missão dos cristãos (catequese, liturgia, acção social e caritativa) sejam encaradas e vividas na seu entrosamento vital, pois se implicam mutuamente: o mistério de Deus-Amor que é acolhido na fé, é celebrado na liturgia e igualmente vivido no compromisso de amor, sobretudo pelos mais pobres.
Os participantes fizeram uma avaliação positiva deste dia de reflexão, partilha e oração e consideraram proveitosa a realização anual deste tipo de encontros.