A Caritas Internationalis saudou a renovação de compromissos, por parte dos países presentes na Cimeira do G20, os quais visam alcançar objectivos de desenvolvimento e ajuda para os países mais pobres. A instituição mantém, no entanto, o cepticismo, relativamente aos líderes dos países que nada fizeram para evitar que milhões de pessoas caíssem na pobreza
A Caritas Internationalis saudou a renovação de compromissos, por parte dos países presentes na Cimeira do G20, os quais visam alcançar objectivos de desenvolvimento e ajuda para os países mais pobres. A instituição mantém, no entanto, o cepticismo, relativamente aos líderes dos países que nada fizeram para evitar que milhões de pessoas caíssem na pobreza.
O G20 é constituído por um grupo de países industrializados e em vias de desenvolvimento que se reuniram a 2 de Abril, em Londres ,para tentarem encontrar políticas coordenadas para enfrentar a recessão mundial, assim como para debaterem a reforma de instituições financeiras internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Blandine Bouniol, do Gabinete de Cooperação Internacional da Cáritas Internationalis, afirmou que, "Os membros do G20 reafirmaram o seu compromisso de destinar 0,7% do seu rendimento nacional bruto (RNB) para auxílio ao exterior. Contudo, a Caritas continua céptica de que essas promessas venham a ser cumpridas pois, alguns doadores já anunciaram cortes drásticos nos seus orçamentos, ausência de medidas concretas bem como uma data para essas doações.
"Os fundos dos países do G20, para os países em vias de desenvolvimento, continuam condicionados à boa governação dos países destinatários, sendo esta avaliada, primeiramente, pelo Banco Mundial e pelo FMI, os quais foram responsáveis pela promoção de um estilo de economia liberal a qual tem levado a perdas de postos de trabalho e cortes dramáticos nos serviços públicos. Por esta razão, a Cáritas pede que o Banco Mundial e o FMI tenham uma maior representação democrática.
"Não foram muito encorajadores os primeiros passos no sentido da eliminação do sigilo bancário e da publicação de listas de paraísos fiscais. A lista publicada pela OCDE era, em grande parte, uma adaptação das listas anteriormente publicadas. Como resultado, não incluía os países representados no G20. Para além de uma lista, a aplicação de sanções faria toda a diferença para acabar com os paraísos fiscais.
"Não foi aprovada regulamentação para reforçar a transparência dos pagamentos e impostos pagos pelas empresas aos governos. O papel negativo das empresas multinacionais presentes em países em vias de desenvolvimento foi subestimado e a responsabilidade dessas mesmas empresas foi ignorado.
"Nesta cimeira não foram dados passos decisivos em matéria de alterações climáticas e na construção de uma nova economia, baseada nas baixas emissões de carbono. A cimeira do G20 preferiu esperar pelos resultados das negociações que irão decorrer no quadro da preparação da conferência das Nações Unidas para as alterações climáticas, a realizar em Dezembro próximo, na cidade de Copenhaga.
"Sobre o impacto que a crise económica mundial irá ter sobre o desenvolvimento, os países presentes na Cimeira do G20, remeteram esta análise para a próxima Conferência das Nações Unidas, em Junho, apelando à ONU, como sendo o forum mais legítimo para a concepção de soluções para as crises mundiais, para desempenhar o papel que lhe compete no controle da crise e dos seus impactos junto dos mais pobres e mais vulneráveis.