Conclusões do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa
Em Fátima, na Casa de Nossa Senhora das Dores, nos dias 12 e 13 de Novembro de 2011 estiveram reunidos representantes de 19 Cáritas diocesanas, em Conselho Geral. Este encontro foi presidido pelo Padre José Manuel Pereira d´Almeida, Secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
No plano formativo, os representantes reflectiram sobre o último documento da Comissão Episcopal de Pastoral Social «Serviços Paroquiais de Acção Social – para uma cultura da dádiva» e concluíram:
– Como os grandes princípios operacionais implicam acções estratégicas, este documento necessita de ser aprofundado e divulgado para que a caridade não seja algo de intimista, mas tenha um verdadeiro sentido eclesial.
– Deve ser dada maior atenção à organização da caridade a nível paroquial, nomeadamente dotando-a de mais agentes e cuidando da sua adequada formação.
– A articulação entre os vários organismos eclesiais que trabalham neste sector específico e noutras áreas da pastoral são fundamentais para uma verdadeira eficiência da acção social da Igreja
Propostas de combate à crise:
– Com a falta de emprego e o número crescente de desempregados, a coesão familiar está em risco. Ás Cáritas diocesanas e aos muitos grupos paroquiais de acção social compete uma vigilância atenta e permanente com os olhos focados na Doutrina Social da Igreja. É fundamental motivar também as pessoas para o empreendedorismo.
– A sociedade actual trouxe novos problemas à célula familiar. Para além da falta de recursos financeiros, o apoio na área psicológica e espiritual é premente. O pobre não deve ser um mero destinatário, mas o protagonista do seu próprio desenvolvimento integral.
– Só nos primeiros dez meses de 2011, as Cáritas diocesanas já atenderam cerca de 28 mil famílias portuguesas. Os números são alarmantes porque corresponde a um acréscimo significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. Perante estes dados, é fundamental uma maior mobilização e um rasgar de novos caminhos que combatam o actual panorama.
– A falência de várias empresas, algumas delas de dimensão familiar, estão a gerar graves carências aos empresários e respectivas famílias. Pediu-se uma atenção redobrada aos novos casos de pobreza, muitos deles encobertos.
– Os “adultos de amanhã”, especialmente as crianças em risco, merecem particular atenção e cuidado. Tendo como base o documento da Conferência Episcopal Portuguesa – «Toda a Prioridade às Crianças», a Cáritas Portuguesa propõe uma atitude vigilante e permanente nesta área e que nenhuma criança deixe de ter o apoio necessário neste momento de fragilidade, nomeadamente que fique impossibilitada de frequentar as creches e jardins-de-infância e tenha acesso aos cuidados de saúde fundamentais só porque os progenitores deixaram de ter recursos financeiros.
– O apoio da Cáritas não poderá resumir-se apenas à distribuição de cabazes de alimentos. A solidariedade com os pobres implica proximidade, mas também um horizonte mais vasto e novos dinamismos que apontem para a criação de uma nova consciência social assente na dignificação do ser humano em detrimento do capital.
– Com um quadro fiscal injusto, alertou-se ainda para o número crescente de casos de monoparentalidade. Os números poderão estar desligados da realidade, como forma de fuga aos impostos visto que a fiscalidade penaliza o casamento. Alertou-se também para o risco do aumento de pessoas, sobretudo homens, que poderão cair na situação de sem-abrigo, em consequência do abandono dos lares por não poderem assegurar, aos mesmos, a subsistência.
– Como a mentalidade actual é individualista, a Cáritas propõe que se motive as pessoas para uma alteração dos hábitos comportamentais.
Iniciativas:
– Foi dado a conhecer aos representantes das Cáritas diocesanas a Operação «10 milhões de Estrelas – Um gesto pela paz» de 2011 e as várias iniciativas programadas. O lançamento da mesma será no dia 21 de Novembro, em Lisboa.
– Em relação ao programa «Mais próximo» realçou-se que a Cáritas Portuguesa está a produzir conteúdos para fornecer às Cáritas diocesanas como forma de operacionalizar o último documento da Comissão Episcopal de Pastoral Social.
– O programa de actividades da Cáritas para 2012 foi aprovado tal como o lema para a Semana Nacional da Cáritas: «Edificar o bem comum, tarefa de todos e de cada um».
– As Cáritas diocesanas deram a conhecer as actividades realizadas no Ano Europeu do Voluntariado.
– A Cáritas propõe também que se forme uma equipa nacional para acompanhar e lançar iniciativas para o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e Intergeracional.
– Os representantes aprovaram por unanimidade a acta do Conselho Geral anterior, o Orçamento Suplementar de 2011 e o Orçamento Previsional de 2012.
– O Conselho Geral exprimiu também todo o seu reconhecimento, a D. Carlos Azevedo, pela invulgar actividade que desenvolveu nos últimos anos, especialmente como Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e pelo impulso dado à actualização e aprofundamento da Cáritas em Portugal.
– No mesmo espírito, o Conselho Geral exprime, a D. Jorge Ortiga e aos restantes membros da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, toda a disponibilidade para, em comunhão eclesial, intensificar e alargar o cumprimento da missão da Cáritas. Os graves problemas actuais da sociedade portuguesa constituem uma interpelação permanente que nunca poderá ser descurada.
Fátima, 13 de Novembro de 2011