Cáritas e LOC juntos pela dignidade do trabalho
Numa reunião que teve como objectivo por em comum as suas visões da atual situação do país, a Liga Operária Católica esteve na sede da Cáritas Portuguesa conversando com o presidente Eugénio Fonseca. Um encontro que expressa a vontade de avançar juntos pela defesa do mundo do trabalho. “Só no diálogo é que poderemos encontrar pontes confluentes. Nada pode haver mais prejudicial do que estarmos afastados”.
Eugénio Fonseca, da Cáritas Portuguesa e Fátima Almeida e o Pe. Emanuel Vaz, da Liga Operária Católica (LOC) conversaram sobre a necessidade de a Igreja, através das suas estruturas, ter uma posição forte e conjunta perante as muitas mudanças a que se assiste hoje no mundo do trabalho.
“Nos últimos tempos temos reflectido sobre o que podemos fazer em conjunto perante um desemprego que é assustador” afirmou Fátima Almeida, da LOC, para quem as questões relacionadas com o aumento do desemprego não podem ser mais ignoradas: “depressão, violência doméstica e até mesmo o suicídio”. Para esta representante do movimento que uma das vozes da Igreja no mundo do trabalho, “as pessoas estão sem esperança, às vezes até mesmo na Igreja”.
A Cáritas Portuguesa comunga desta preocupação e conhece-a profundamente ligação direta com as famílias que apoia através das suas delegações diocesanas. “Perante a degradação do mundo do trabalho, desrespeito pela dignidade do trabalhar, a Igreja tem de estar na linha da frente”, defende Eugénio Fonseca. Para o presidente da Cáritas é fundamental que se “torne acessível o pensamento da Doutrina Social da Igreja (DSI) para que os cristãos percebam os valores da importância do trabalho e se debatam por eles”. Este trabalho está a ser feito pela Cáritas Portuguesa numa parceria com a Universidade Católica onde está disponível um curso sobre esta matéria e cujo objectivo é a dinamização para a expansão da DSI assente na vida das pessoas e no actual contexto social e económico. Também através do projecto “+ Próximo” dinamizado pela Cáritas Portuguesa e de expressão local se trabalha este tema em grupos de trabalho com agentes sociais da Igreja.
Numa iniciativa mais recente a Cáritas Portuguesa apresentou também os “Grupos de Interacção Ação Social”. Um projecto que é um desafio à sociedade e até à própria dinâmica da Igreja Católica. A ideia é simples: juntar no mesmo espaço 8 a 10 pessoas que atravessam o deserto do desemprego. Semanalmente ou quinzenalmente, durante cerca de 2 horas, estas pessoas têm a possibilidade de partilhar as suas experiências de vida e entre si descobrir e potenciar capacidades para superar uma dificuldade tão real dos nossos dias. “Partilhando vivências, perdas e medos, competências e ideias com o objectivo de superar dificuldades, cada pessoa pode servir como modelo de identificação”.
Este mesmo projecto foi apresentado nesta reunião à Liga Operária Católica numa perspectiva de possível participação em parceria na sua dinamização. Em agenda ficou a realização de uma reunião que pretende juntar à mesma mesa outras estrutura da Igreja Católica para que se alargue este ciclo de reflexão e, principalmente, se possam entrar formas conjuntas de participação social e política.