“+Próximo” para uma melhor acção social
Sem receitas prontas a aplicar mas com um bom conjunto de ideias e sugestões apoiadas na realidade. Os novos materiais pedagógicos para a acção social paroquial serão apresentados no próximo Sábado, em Fátima. Dia 26 de Maio, na casa de Nossa Senhora do Carmo, o projecto “+Próximo” apresenta o primeiro módulo dos novos materiais pedagógicos para os formadores de agentes de acção pastoral. Num encontro nacional, formadores de todo o país reúnem-se para uma acção de formação que lhes abre novos caminhos para o seu trabalho nas dioceses. Para conhecer mais sobre o que será esta acção de formação e o que trazem de novo estes materiais pedagógicos conversámos com Joana Martins, formadora e responsável pelos conteúdos do primeiro módulo.
Cáritas Portuguesa- O que se espera desta acção de formação?
Joana Martins – Esta acção de formação/ animação está centrada no conteúdo “Acção Social na Paróquia” que julgo que a maior partes dos formadores já conhece. Pretende dotar-se estes formadores de ferramentas que facilitem o seu trabalho futuro como dinamizadores de grupos diocesanos e como formadores de agentes de acção pastoral social. O objectivo é ainda sensibilizar e eventualmente recentrar perspectivas, proporcionando espaço para reflexão. Tentámos criar conteúdos atractivos nos quais os formadores se revejam tendo por base a sua própria experiência.
CP – O que oferecem estes manuais aos formadores?
JM – O objectivo tem sido fazer destes manuais ferramentas (quase) auto-suficientes capazes de apoiar os futuros formadores dando-lhes ideias e sugestões. Por outro lado, os manuais também são bastantes abertos pois abrem espaço ao formador para customizar os conteúdos e dinâmicas de acordo com a sua própria experiência e visão da realidade. Atenção que não se trata de um “livro de receitas” mas sim de uma proposta de referencial comum!
CP – Que potencialidades às estruturas da Igreja?
JM – Encaro este trabalho como um mecanismo facilitador para todos. Trata-se de um projecto de âmbito nacional e pretende-se alguma unidade em termos de espírito e prática de acção social em Igreja. Numa visão ideal (não idílica) teremos paróquias mais equilibradas na sua tríplice dimensão – Liturgia, Anúncio do Evangelho e Caridade – pois esta última parece estar menos apoiada em termos de reflexão. A especificidade da intervenção da acção social em Igreja seguramente dará os seus frutos. Também imagino que no âmbito deste projecto possamos ter mais informação sobre o que se passa nas paróquias em Portugal, mais informação sobre a realidade o que permite planear e antecipar soluções. Seria também óptimo ver as paróquias a partilhar de forma aberta as suas experiências tendo em vista o bem comum.
CP – Quais as suas principais preocupações enquanto formadora?
JM – Não me vejo como formadora! Vejo-me como mediadora, intermediária sendo que o meu papel é traduzir as ideias dos autores para uma linguagem “mais próxima”, mais propícia à reflexão. Nesta tradução para linguagem mediatizada o principal cuidado tem sido o não perder o essencial da mensagem de forma a garantir o fio condutor e a riqueza das ideias. Enquanto pessoa de fé espero que esta formação/ animação se traduza na prática em comunidades mais equilibradas e justas.
CP – Pessoalmente, como encara este trabalho?
JM – Nos últimos anos, a minha experiência profissional tem-se centrado na área da comunicação e ainda gestão de equipas de Design, programação e conteúdos. No entanto, sempre mantive uma ligação a projectos dentro da Igreja, uma boa parte deles ligados às Escravas dos Sagrado Coração de Jesus, congregação que me é particularmente próxima. Esta é a forma que encontrei de colocar as minhas competências ao serviço da comunidade. Desde o início do ano que optei por concentrar a minha actividade em outro tipo de projectos, vocacionados para a aprendizagem à distância. Este projecto com a Cáritas surgiu em boa altura pois coincidiu com o investimento que já estava a fazer nesta área e é ainda (felizmente) particularmente alinhado com a minha própria identidade.
CP – Que dificuldades estão pela frente?
JM – Prefiro interpretar as dificuldades como desafios. Nesse sentido, julgo que o principal desafio/ dificuldade passa por numa primeira fase conseguir motivar e envolver uma rede de formadores e numa segunda fase conseguir efectivamente mobilizar os agentes nas paróquias para estarem presentes das sessões de formação/ animação. Será também desafiante conseguir fazer nascer nas paróquias os grupos de acção social! Há seguramente dificuldades que não antevejo e que irão ainda surgir… por exemplo, deste projecto fazem parte outros conteúdos, que ainda não estão ainda adaptados, é possível que daqui surjam novos desafios.
Licenciada em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, Joana Martins integra a equipa da empresa Spirituc, que ajudou a fundar e onde é Directora de Arte.
Foto: Cáritas Portuguesa
Foto: Cáritas Portuguesa
“A Caridade é a fé em acção”