Re-inventar a Cooperação para o Desenvolvimento
Portugal recebeu Oscar Jara, sociólogo e educador de origem peruana, com um trabalho reconhecido por todo o mundo e que tem procurado difundir, através da sistematização, as experiências da chamada “educação popular”, uma linha de pensamento voltada para a escolarização e para a formação da consciência política. Uma forma de pensar que segue a linha de trabalho do brasileiro Paulo Freire, um dos maiores pensadores na área da Pedagogia.
A convite do CIDAC– Organização Não Governamental de desenvolvimento, esteve em Portugal o sociólogo e educador Oscar Jara que no âmbito da sua visita reuniu com diferentes ONG portuguesas, entre elas a Cáritas Portuguesa, para falar sobre os desafios que atravessa a cooperação para o desenvolvimento. Em Lisboa, para uma plateia de cerca de 20 pessoas trouxe reflexões sobre tendências e alternativas da Cooperação para o Desenvolvimento. Uma conversa que partiu do conceito de desenvolvimento e se alargou para temas como o ambiente, a cidadania activa, as relações norte-sul ou a transformação social.
Para Jara o actual modelo de cooperação para o desenvolvimento, presente nas nossas sociedades, é uma componente do modelo económico dominante que está em crise sendo esta também uma “crise de civilização”, defende Oscar Jara. “Trata-se de um modelo que está esgotado”, sublinhou o sociólogo aludindo a um lógica instrumental de solidariedade internacional que é entendida apenas como a partilha do excedente que temos ou produzimos e que é contrária ao próprio conceito de solidariedade. No decorrer desta conversa com os representantes das ONG ficou evidenciada a ideia de que maioria das organizações da sociedade civil, e também das ONG, vive um paradigma de dependência financeira o que leva a que nos momentos de maior dificuldade centram-se nas suas necessidades, esquecendo os outros. Esquecendo os parceiros e a razão da sua existência.
É precisamente este momento que Oscar Jara aponta como sendo a ocasião ideal para refundar o paradigma da cooperação e da educação para o desenvolvimento. Recentrar os valores da solidariedade, da qualidade de vida, da transformação social, da autonomia. O mesmo deve acontecer com o crescimento pessoal, as relações humanas e co-responsabilização sem esquecer, nunca, coerência e da sustentabilidade ambiental. Tudo isto deve ser feito sem reservas nem entraves partindo-se para o terreno: “criar um novo paradigma não é criar um discurso é criar uma prática”, mencionou a este propósito Oscar Jara que partiu deixando nas mãos dos presentes um desafio: “este é o momento de trabalhar em conjunto, de desenvolver sinergias e de trabalhar efectivamente em rede.”
Para conhecer melhor o pensamento de Óscar Jara:
Entrevista com o sociólogo e educador peruano Oscar Jara
FOTO: Retirada do site https://amaivos.uol.com.br