Cáritas e DECO: conhecer para prevenir
“Saber viver em tempos de crise” é o nome do projeto de formação que junta a Cáritas e a DECO na promoção da literacia financeira. Alertados pelos muitos pedidos de apoio que chegam às Cáritas Diocesanas e confrontados, muitas vezes, com dificuldades que resultam da falta de conhecimento da linguagem financeira e do desconhecimento dos seus direitos enquanto consumidores, a Cáritas Portuguesa e a DECO aliam-se numa ação para ajudar a dar respostas e alguns instrumentos de defesa aos cidadãos que se vêm confrontados com situações limites.
O primeiro passo desta ação conjunta será a formação dos técnicos de apoio social e colaboradores das Cáritas Diocesanas. São eles que diariamente têm pela frente os olhares desesperados de quem não compreende a carta que chegou do banco ou de quem não sabia as implicações do uso de um determinado cartão de crédito. É a eles que se pede ajuda quando o desemprego leva ao incumprimento de prestações e de outras obrigações, são eles que se vêm confrontados com a necessidade de apontar caminhos e alternativas.
A Cáritas participou como convidada, nos dias 28 e 29 de janeiro, na ação de formação de formadores da Deco. Serão eles a levar para os técnicos das Cáritas Diocesanas os conteúdos desta formação: a importância de organizar o orçamento familiar; reduzir gastos; poupar hoje para reduzir amanhã; mais vale prevenir do que remediar. O que se pretende é desmistificar conceitos e desconstruir linguagens “financeiras”. A formação, que deverá sempre ser adaptada à realidade local e ao contexto de vida dos formandos, abarca ainda exercícios como a análise de um extrato bancário e informação sobre serviços às vezes não publicitados como é o caso dos serviços mínimos bancários ou a explicação das implicações de uso de cartões de crédito, os diferentes tipos de crédito existentes no mercado.
Esta formação de formadores contou com a participação do ISCAP – Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto que em colaboração com a DECO desenvolveu os conteúdos pedagógicos desta formação. Segundo Luciana Oliveira, do ISCAP, o plano de formação acenta numa dinâmica de coaching, ou seja, o formador é uma espécie de treinador que deverá ser capaz de promover a partilha de experiências, valorizando as pessoas independentemente dos seus problemas e deixando em cada uma a noção de que vão ser capazes de os vencer. “A relação com o dinheiro é muito pessoal, por isso, a atenção às pessoas é fundamental para esta ação”, explica Luciana Oliveira sublinhando que o objetivo central é que “a pessoa saia da formação com a noção de que estabeleceu um compromisso e que o plano de ação financeiro que ali será feito está assente na sua realidade”.
Fernanda Santos, Coordenadora do Departamento de Formação e Novas Iniciativas, da DECO, defende mesmo a importância de que no final desta formação as pessoas tenham na sua mão uma espécie de “contrato” assinado por si e pelo formador. “Isto permite que cada um estabeleça os seus objetivos e se determine a cumpri-los não apenas individualmente mas também em famílias, já que uma grande parte das mudanças terá mesmo de ser feita por toda a famílias”.
“A formação vem apresentar caminhos mas a decisão é sempre individual”, esta ideia é sublinhada por todos e os formadores sabem que não têm respostas definitivas para dar cada uma das pessoas que estará presente numa destas ações de formação.
Depois dos técnicos das Cáritas Diocesanas, em todo o país, estas ações de formação poderão ser multiplicadas localmente nos mais variados contextos diretamente ligados às Cáritas Diocesanas ou em colaboração com outras instituições que sejam parceiros locais.
Para a Cáritas esta parceria vem ao encontro das dificuldades sentidas pelos seus próprios técnicos no trabalho de atendimento local. É uma aposta num trabalho de qualidade atendendo às muitas solicitações e às muitas mudanças que se sentem hoje na relação estabelecida com quem entra em cada uma das Cáritas Diocesanas. As ações de formação, com cerca de seis horas, vão realizar-se durantes os meses de fevereiro e março, estando no local uma equipa de formadores da DECO.
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