Politicas de família devem ser mais explicitas
As famílias estão cada vez mais a enfrentar sérios riscos de pobreza. Para Caritas, a família é um pilar fundamental do bem-estar social, que deve ser apoiada em tempos de crise e isto mesmo é afirmado a nível nacional e europeu. Em Portugal Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa apela ao Governo para que seja «mais explícito» nas políticas de apoio à família, o que poderá passar pela criação de uma estrutura autónoma para fazer a coordenação dessas políticas. «Peço, neste dia, que o Governo português procure ser mais explícito nas políticas de família e, se possível, crie uma instância autónoma para fazer a coordenação de todas essas políticas», disse o presidente da Cáritas.
Por seu lado o secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño-Mayer, lembra que “em muitos casos, o rendimento familiar pode permanecer abaixo da linha de pobreza, se os ganhos no mercado de trabalho são baixos, e o número de membros da família que não trabalham é alto”, sublinha, lembrando que “a probabilidade de ambos os pais poderem garantir um emprego remunerado também depende da existência de serviços de acolhimento para crianças a preços acessíveis.”
O Relatório de Monitorização de Crise recentemente publicado pela Cáritas Europa e apresentado também em Portugal, examinou, precisamente, o impacto da crise económica na Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e Itália tendo revelado que as fortes tradições de apoio à família, que são uma característica em cada um destes países, estão a ser severamente testadas durante a crise. Famílias monoparentais ou com mais de dois filhos são atingidos de forma particular pela pobreza.
“Isso tem a ver não apenas com os baixos rendimentos, mas também com a falta de políticas que aliviem os custos das famílias”, diz Jorge Nuño. “É por estas razões que tantas crianças estão hoje em risco de pobreza e é certamente por isso que a pobreza infantil é uma questão preocupante para a maioria dos Estados-Membros da UE”.
Eugénio Fonseca, por seu lado, lembra que «não basta dizer que são políticas transversais a todas as áreas de intervenção na vida do país» sugerindo mesmo que «devia haver um departamento, dependente diretamente do primeiro-ministro, que fizesse toda a coordenação das políticas de família, porque efetivamente sentimos a falta de uma política estruturante de apoio à família, até para vencermos um drama que o país está a atravessar, a baixa taxa de natalidade».
É fundamental chamar a atenção da União Europeia e dos seus Estados-Membros para a urgência de se garantir a proteção adequada da família, em particular, nos contextos em que estão a ser implementadas medidas de austeridade. “Se o modelo social europeu significa alguma coisa, isso deve significar que a família – um pilar fundamental do bem-estar social – é apoiada e protegida em tempos de dificuldade económica”.
Às famílias, neste dia, a Cáritas deixa uma palavra de solidariedade, sobretudo àquelas que têm sentido algum perigo de desagregação resultante da tensão das carências que sentem. É preciso dizer às famílias portuguesas que não há sociedades fortes, sustentadas, sem famílias unidas, radicadas numa união, numa comunhão de tudo aquilo que são os valores da família, consolidada pelo amor. Por tudo isto também as famílias devem olhar o futuro com esperança porque depende também da sua capacidade e do seu testemunho a superação das dificuldades.