Dar esperança ao Médio Oriente
Os líderes da Cáritas, a participar, em Roma, num encontro promovido pela Caritas Internationalis, para análise da situação no Médio Oriente, falaram de um Oriente Médio, politraumatizado e em “tratamento intensivo”. Na agenda de trabalhos estava também a necessidade de se encontrar uma resposta coordenada, regional e global, para a atual situação no Oriente Médio, prevendo-se o seu agravamento.
No encontro, que terminou ontem, participaram e foram ouvidos os responsáveis das Cáritas do Médio Oriente (Gaza, Iraque e Síria) e também dos países vizinhos (Líbano, Jordânia, Turquia e Egito). Da partilha de experiências e preocupações sai reforçada a necessidade da Cáritas definir uma intervenção regional, nacional e internacional que chame a atenção para a urgência de se encontrar um caminho que leve a um Médio Oriente “onde a dignidade e os direitos humanos sejam respeitados, e cada um tem a liberdade de viver em paz com seus vizinhos.”
No final do encontro Michel Roy, secretário-geral da Caritas Internationalis, sublinhou neste encontro que a missão da Cáritas é prestar ajuda às populações mas também “dar-lhes esperança”.
Um dos oradores principais foi o ex-ministro do governo Líbano, Damianos Kattar, que explicou que as necessidades são tão avassaladora que conhecê-las a todas é quase impossível. Só na Síria, se a guerra terminasse hoje, o custo da sua reconstrução poderia chegar aos 100 mil milhões de dólares e levaria entre 15 a 25 anos. Isto para não falar dos impactos humanitários que são a consequência da ação dos extremistas no Iraque e na Síria, onde se vive uma “limpeza étnica e religiosa generalizada”. Por seu lado, os palestinos estão hoje a viver numa “prisão aberta”, em Gaza, onde lhes é negada a sua dignidade, terra e direitos nos territórios ocupados.
As diferentes vozes que trouxeram testemunhos destas regiões preveem que a crise humanitária, nomeadamente na Síria e no Iraque, possa vir a piorar num futuro imediato. Diante da dimensão desta crise, as organizações da Cáritas acreditam que o futuro passa pela construção de comunidades mais resilientes e para isto é determinante alcançar a reconciliação inter-religiosa e desenvolver a capacitação das comunidades. Para que isto seja possível foi unanime, entre os participantes, que é necessário definir um plano de trabalho de longo prazo concentrado na cooperação inter-religiosa, na construção da paz entre as comunidades. Outro passo a dar será o fortalecimento das organizações nacionais da Cáritas e por um trabalho mais estreito com a Igreja Universal e, naturalmente, outros grupos religiosos.
O arcebispo Youssef Soueif, presidente da Cáritas do Chipre e também membro do conselho da Caritas Internationalis, afirmou no final deste encontro que: “este fórum vai ajudar-nos a fortalecer a nossa ajuda humanitária, o que permitirá defender melhor a dignidade de todos os seres humanos e a promoção da paz e da reconciliação baseada na mensagem cristão de amor ao próximo”.