Faixa de Gaza: Mensagem do Cardeal Maradiaga
“Que Cristo inflame os desejos de todos os homens a romper as barreiras que os dividem, para fortalecer os laços de amor mútuo, para aprender a entenderem-se uns aos outros, e perdoar aqueles que lhes fizeram mal..” S. João XXIII – Pacem in Terris
Desde o início de julho, quase dois milhões de palestinos em Gaza e a população de Israel, foram apanhados numa guerra devastadora. As pessoas não têm um único lugar seguro onde se esconder quando as bombas caem sobre o pequeno e densamente povoado território que é Gaza. Eles veem os seus filhos serem abatidos, os seus bairros arrasados e todas as esperanças de um futuro de paz despedaçado. O campo de batalha são bairros cheios de crianças, mulheres e homens. Hospitais sobrecarregados de feridos e mortos, escolas que, mesmo que se destinem a oferecer refúgio, estão a ser bombardeadas.
Como Cáritas, apelamos a um cessar-fogo permanente, mas este é apenas o primeiro passo no caminho para uma paz justa com base em negociações, em toda a região.
O caminho para a reconciliação é longo, mas ele começa com nós mesmos. Israel e Hamas, porque razão continuam a apontar o cisco no olho do irmão, enquanto falta retirar a trave no seu próprio olho? Em vez disso, deveriam baixar as armas e pegar num par de binóculos para que vejam que a maioria das vítimas são pessoas inocentes.
Esta é a terceira guerra em cinco anos entre Israel e militantes em Gaza. Nos anos seguintes a cada uma destas guerras, os palestinos em Gaza tem vivido uma vida onde a água é escassa, muito do seu alimento vem de organizações humanitárias e onde a dignidade de um trabalho está fora do alcance de muitas pessoas.
A Cáritas oferece ajuda material e espiritual ao povo de Gaza nos momentos de maior necessidade e desespero. Apelamos a um levantamento do bloqueio a Gaza que permita aos habitantes proteger as suas vidas e os seus meios de subsistência e que eles possam viver uma vida digna.
Quando conheceu os presidentes de Israel e da Palestina, no Vaticano, o Papa Francisco disse: “Pacificação exige coragem, muito mais do que a guerra. Ela exige a coragem de dizer sim ao encontro e não ao conflito: sim ao diálogo e não a violência; sim às negociações e não a hostilidades; sim ao respeito dos acordos e não a atos de provocação; sim a sinceridade e não a duplicidade “.
Como Caritas, rezamos pela paz na Terra Santa. Rezamos pelas famílias palestinas e israelitas que perderam os seus filhos, mães e pais e por aqueles que foram mortos. As nossas orações estão também com as crianças que vivem em terror e cujas cicatrizes são profundas e ultrapassam em muito o tempo depois de a guerra acabar.
A confederação Caritas envia o seu amor e solidariedade aos trabalhadores da Cáritas que arriscam suas vidas todos os dias em Gaza. Estas pessoas trabalham humildemente e incansavelmente a serviço de Cristo nas condições mais difíceis que se possa imaginar. Que Deus esteja com eles em cada passo do caminho. Rezamos também pelos nossos colegas da Caritas de Jerusalém e do apoio vital que eles estão a dar aos seus colaboradores no terreno neste momento.
Ao assinalarmos o aniversário da Primeira Guerra Mundial, há 100 anos, recordamos as palavras do Papa Emérito Bento XV:
“Oramos para que, apesar deste terrível tempo de guerra e opressão, as almas dos palestinos e israelitas permaneçam livres para acreditar num futuro de justiça e de paz.”