A Família no centro da atuação da Cáritas Diocesana
A paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações (Lisboa) acolheu no dia 9 de outubro as Cáritas de Setúbal, Santarém, Açores, Madeira, Lisboa, Cáritas paroquiais destas dioceses e representantes de grupos paroquiais de ação social (GPAS), num encontro interdiocesano, todo ele dedicado à Doutrina Social da Igreja e Família. Fazendo eco do pensamento de João Paulo II, a Doutrina Social da Igreja, nascida e alicerçada na teologia moral e social, compreende e apresenta a família como comunidade de pessoas, igreja doméstica e primeira sociedade humana.
A família vê-se hoje confrontada com a realidade de crianças de pais homossexuais, de famílias monoparentais, de crianças a viver com os avós, com a questão da adoção e até das barrigas de aluguer. O desenvolvimento do tema, no quadro da Doutrina Social da Igreja, sublinharia, no entanto, a sua estrutura, o seu caracter humano, e sobretudo o seu papel mediador na resolução das mais diversas dificuldades e transformação de conflitos. Neste sentido, foi apontado que qualquer tipo de fuga das responsabilidades dentro da família significaria negar cada um dos seus elementos. Por conseguinte, acolher todos incondicionalmente, dialogar e principalmente ouvir, colocaram-se como cruciais à constituição e manutenção das famílias de hoje.
Os participantes, representantes das Cáritas e GPAS presentes, divididos em seis grupos procuraram descortinar, à luz do tema, necessidades prementes, áreas onde a atuação das Cáritas seria mais urgente e competências que o investimento e intervenção viriam a exigir de todos os atores sociais de cada uma das Cáritas.
O desemprego, a solidão sobretudo dos idosos, o apoio às crianças, a desestruturação das famílias e as enormes responsabilidades que se colocam a pessoas a trabalhar com idades entre os 45 e 60 anos – temas onde as Cáritas já hoje prestam um diferenciador serviço – foram sinalizadas como sendo os maiores desafios do momento, realidades onde a Cáritas vai querer responder ainda com maior afinco.
E aqui a coresponsabilização, o trabalho em rede, a formação, a relação com os párocos, a proximidade com as pessoas e a educação para empatia, que é inerentemente paixão pelos outros, emergem como áreas onde é preciso investir e intervir mais para que estas problemáticas se possam mitigar e resolver.
Por outro lado, estes desafios também exigem outras competências, nomeadamente que a realidade se conheça a partir dos valores do evangelho, de um conhecimento mais aprofundado de Jesus, da realidade dos pobres, e que as Cáritas, entre elas, de conheçam melhor, se deem bem, cooperem (coresponsabilizando-se), comuniquem melhor entre si e com o mundo lá fora, formem os seus atores em áreas urgentes e específicas.
Se ver, julgar e agir permanece ainda hoje uma válida chave de ação, ela parece encontrar, por estes dias, uma mais desdobrada e atual tradução nas palavras do Papa Francisco, quando defende que é preciso, ir, envolver-se com as pessoas, acompanhá-las, fazer frutificar essa relação e celebrar, no final, os seus resultados.
Estas sessões interdiocesanas não só preenchem uma enorme necessidade de encontro entre diferente Cáritas como servem também a construção do próximo Plano Estratégico da Cáritas Portuguesa.