Relatório revela impactos da crise na pobreza
A UE e os Estados Membros continuam a lidar com a crise focando a resolução dos problemas em políticas financeiras e económicas, não dando a mesma prioridade às políticas sociais. Estas opções estão a ter um impacto devastador na população europeia, principalmente nos sete países do estudo. Assiste-se ao falhanço da UE e dos Estados Membros em proporcionar medidas concretas para proteger os mais vulneráveis, os serviços públicos e a promoção do emprego. Estes são efeitos da crise que se irão prolongar nas populações por muito tempo.
O relatório “Pobreza e desigualdades em ascensão” é a terceira edição anual de uma avaliação aos impactos na população das políticas seguidas pela EU e Estados-membro, para responder à crise. Em particular, debruça-se sobre o crescente número de pessoas em situação de pobreza e exclusão social.
O novo relatório demonstra a ascensão de uma Europa desigual, onde os riscos sociais estão a aumentar, os sistemas sociais estão a ser postos em segundo plano e os cidadãos e as suas famílias estão sob pressão. Demonstra uma Europa onde a coesão social está a desvanecer-se e onde a confiança das pessoas nas instituições políticas está a enfraquecer. Estas questões criam grandes riscos a longo prazo para o projeto Europeu que nasceu como um projeto de paz e prosperidade.
A Cáritas Europa desafia, com este relatório, o discurso oficial que sugere que o pior da crise já passou. A crise ainda não terminou. As escolhas políticas de hoje continuam a ter impactos extremamente negativos nos mais vulneráveis.
Principais Conclusões
O relatório demonstra a forma como os mais pobres continuam a pagar por uma crise que não criaram. Após 6 anos de retração económica, os pobres estão cada vez mais pobres.
As conclusões do relatório são baseadas em estatísticas oficiais e testemunhos reais das organizações da Cáritas que trabalham diariamente com os pobres. Estas incluem:
- As políticas de priorização da austeridade não estão a resultar para a Europa. A Cáritas Europa sugere diversas soluções alternativas a serem adotadas.
- Existem falhas sérias nos sistemas sociais de diversos países europeus, incluindo os países incluídos neste relatório.
- Para colocar a Europa num novo caminho é necessária uma abordagem multifacetada, assim como a defesa incansável de Europa Social que não deixa ninguém para trás.
- É necessário encontrar uma solução justa para a crise, nomeadamente a crise da dívida. Transformar a dívida bancária em dívida soberana tem de ser reconhecido como uma injustiça para os países mais afetados.
As autoridades têm opções. Podem decidir quais as políticas a adotar e quais os seus destinatários, baseando as suas decisões em critérios éticos, de igualdade e justiça.
O relatório deixa recomendações claras para aqueles que têm maior poder de decisão: as instituições da UE, as autoridades nacionais e regionais e as organizações da sociedade civil. Estas incluem:
Assegurar um rendimento mínimo para todos: Todos os governos nacionais devem ter um mecanismo que garanta a toda a população um rendimento que permita viver com dignidade.
Atacar a fuga aos impostos: A fuga aos impostos tem de ser atacada e devem ser criados regimes tributários justos para todos os setores da sociedade, incluindo o setor bancário e empresarial. Estes devem contribuir de forma mais justa, bem como todos aqueles que podem pagar mais.
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