Conclusões do Conselho Geral da Cáritas
Reuniu-se esta semana em Vila Real, entre os dias 15 e 17 de abril, o Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, representado por dezassete das vinte Cáritas Diocesanas que o constituem.
Durante a sessão de abertura, D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH) e D. Amândio Tomás, Bispo da Diocese de Vila Real, saudaram os presentes. O Presidente da CEPSMH realçou a importância deste encontro e da ordem de trabalhos que o mesmo assume, reforçando que o planeamento estratégico e o esforço da Cáritas nesse sentido tem que ser reconhecido e, cada vez mais, contribuir para a mentalidade de que só em conjunto seremos capazes de construir uma verdadeira cultura da atenção, traduzindo essa cultura na alegria do amor.
D. Amândio Tomás destacou a importância da Cáritas na sua diocese e a felicidade desta Igreja particular em receber o Conselho da Cáritas. Para D. Amândio a Cáritas deve ser fiel ao modelo do Bom Samaritano, que se aproxima do outro, a partir da sua misericórdia, e assegura que o “homem que desceu de Jerusalém a Jericó” se restabelece.
O presidente da Cáritas Diocesana de Vila Real detalhou a ação da Cáritas neste território e a colaboração estreita com a Câmara Municipal de Vila Real. A Vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Eugénia Almeida, referiu a importância da Cáritas no município e no país, particularmente nestes tempos difíceis que vivemos.
O tesoureiro da Cáritas Portuguesa, Francisco Vaz, transmitiu uma mensagem do presidente da Cáritas Portuguesa, que se centrou na “necessidade de agirmos com uma rigorosa transparência e introduzirmos nas nossas realizações mecanismos que a garantam, sem preocupações de inúteis suspeições infundadas”. Lembrou também a importância deste Conselho sobretudo dedicado ao futuro, sem esquecer que a Cáritas conta já com 60 anos ao lado dos mais pobres.
Convicta da afirmação de São João Paulo II, onde refere que “a solidariedade não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas (…) [mas sim] a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos”, a Cáritas em Portugal tem trabalhado para ser a imagem fiel do acolhimento de Jesus Cristo, a todos sem exceção, sejam quem forem, façam o que fizerem, sempre.
Nesse sentido, o Conselho demonstrou a sua solidariedade para com o Papa Francisco que nesta atura visita Lesbos, na Grécia, um dos principais pontos de chegada de migrantes e refugiados à Europa. O Conselho partilha da posição da Igreja que é necessário acolher todos aqueles que, sem alternativa, fogem dos seus países em ruínas e que procuram na Europa o acompanhamento e uma resposta assertiva que lhes dê condições de vida mais dignas. Esse acolhimento não deve nunca substituir o esforço de paz necessário no mundo e no Médio Oriente em particular. Que essa paz garanta sempre a presença das suas diversas expressões identitárias e religiosas.
Assim, a definição de um trabalho transversal e coerente, que seja cada vez mais consciente, tem sido um dos maiores esforços da Rede Cáritas. Em linha com uma estratégia global que tem sido seguida pela Caritas Internationalis e com um quadro estratégico definido recentemente pela Caritas Europa, um dos grandes objetivos da Cáritas tem sido, a partir da realidade particular de cada comunidade, responder aos desafios locais sem esquecer os enquadramentos globais. Para isso é necessária uma estratégia de atuação base, que sirva todos, sem exceção, e centrada em quem se encontra numa situação de fragilidade. Hoje, uma das maiores prioridades é alinhar o rumo estratégico da ação da Cáritas em Portugal, dando resposta às famílias do mundo contemporâneo, sem nunca esquecer a sua identidade.
Na sessão dedicada ao Plano Estratégico da Cáritas 2017-2020 foram aprovados os eixos estratégicos que vão marcar a atuação da Cáritas nos próximos quatro anos: a identidade (Cáritas: Coração da Igreja no Mundo), a rede (Somos Cáritas) e a ação, sendo que a ação evidenciar-se-á em duas linhas estratégicas específicas: a atenção e acompanhamento e a presença e transformação.
A ata do Conselho Geral anterior foi ratificada, e os relatórios atividades e contas referentes ao ano de 2015 foram aprovados. A Cáritas Diocesana de Setúbal acolherá o primeiro Conselho Geral de 2017.
Na sessão da tarde, dedicada às ações mais emblemáticas da Cáritas, o Conselho fez um balanço daqueles que foram os resultados da “Operação 10 Milhões de Estrelas – Um Gesto Pela Paz” e da “Semana Nacional Cáritas”, percorrendo os últimos anos e dando conta dos principais resultados. Para melhorar, o Conselho definiu que ao longo dos próximos quatro anos, estas ações estarão subordinadas a um conceito único: “Uma Só Família Humana”, conceito transversal também à rede internacional e que designará o Plano Estratégico.
Uma outra preocupação do Conselho prende-se com a comunicação digital. Numa altura em que é exigido às organizações que interajam e se legitimem junto dos seus públicos, esta foi considerada uma questão fundamental a debater, ainda para mais tendo a Cáritas uma função pedagógica que necessita de ter uma forte presença na sociedade. Nesse sentido, o Conselho decidiu apostar nas novas plataformas digitais, comprometendo-se com o desenvolvimento de uma estratégia consolidada para a comunicação da Cáritas em Portugal.
Porque a Cáritas está atenta à realidade do nosso país e procura contribuir para uma melhoria da realidade social de muitas pessoas e famílias, durante a manhã de domingo, as Cáritas Diocesanas de Beja, Leiria-Fátima e Lisboa apresentaram projetos sociais que implementam nas suas dioceses mas que, pelas suas características, poderiam ser aplicados a outras dioceses. Esta partilha permitiu dar a conhecer projetos três projetos bem-sucedidos que, para além do benefício que garantem às comunidades por eles abrangidos, permitem também a dinamização e o fortalecimento da Rede Cáritas em Portugal.
Foi apresentado o módulo do programa “+ Próximo” sobre a Pastoral Penitenciária.
O Conselho teve conhecimento, no decorrer dos trabalhos, dos dois sismos ocorridos no Japão e no Equador solidarizando-se de imediato com as populações afetadas e comprometendo-se a transmitir esta mensagem às Cáritas locais.
As Cáritas diocesanas de Portugal lembraram o aniversário do Papa Emérito Bento XVI, dando graças a Deus pelo dom da sua vida, reconhecendo que toda a sua reflexão e discernimento têm sido uma imensa riqueza para a Igreja e para o mundo.
Agradecendo ainda o dom que é o Papa Francisco, o Conselho reconhece a constante inspiração para, sem medo, assumir a missão de sair em direção a todas as periferias geográficas e existenciais, comprometendo-se com a promoção da vida humana e a construção da casa comum, onde não haja descartados. Com ele a Cáritas acredita que um outro mundo é possível.
O Conselho saudou ainda a nova direção da Cáritas Diocesana de Viseu.
Os trabalhos encerraram com a celebração da Eucaristia na Sé de Vila Real.