Dia Mundial da Criança
As crianças são, desde a fundação da Cáritas há 60 anos, um dos grupos para quem esta organização católica mais destina a sua atenção e esforço de ação no país.
“Investir no futuro do país requer, mais do que nunca, investir nas nossas crianças e os números de hoje são realmente assustadores” refere Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa.
Segundo o Relatório mais recente, lançado pela Cáritas Europa, em março – Relatório de Portugal -, o risco de pobreza é maior nas famílias com filhos, sobretudo em famílias com dois ou mais filhos (41.2%) ou entre famílias monoparentais (31%).[1] O risco de pobreza aumentou em todos os grupos etários; contudo, o maior aumento atingiu as crianças cujo risco de pobreza aumentou de 24.4% em 2012 para 25.6% em 2013.[2]
São muitas as razões que explicam esta situação: o aumento do número de casais desempregados, que passou de 1,530 em 2010 para 12,065 em 2013; a perda de rendimentos devido a cortes salariais; e as mais de 546,354 crianças que perderam os seus abonos de família, entre 2009 e 2012. Devido a mudanças nos critérios e valores, o acesso a estes benefícios começou a tornar-se mais restritivo e os valores por criança diminuíram. O apoio social e financeiro, providenciado pelo Estado às famílias, foi ainda mais reduzido e acompanhado de uma subida de impostos. Há 4 anos atrás, 24% das crianças em Portugal viviam com famílias que enfrentavam situações de privação material, assim como a incapacidade/dificuldade para pagar a renda, o empréstimo ou para pagar refeições e/ou para lidar com as despesas inesperadas.[3]
A Cáritas acredita que o “desenvolvimento integral da criança não pode ser sujeito a uma política de austeridade e não deve ser colocado em causa até que a situação financeira e económica do país melhore”, reforça o presidente da instituição.
Nesse sentido, olhando para o aumento da pobreza infantil e familiar, a Cáritas avançou com um programa de apoio a crianças mais frágeis, que se estende por todo o país: Prioridade às Crianças.
O apoio atribuído nos últimos anos recai sobre problemas ligados à saúde – consultas médicas, medicação, próteses oculares, etc.) e apoio à educação (mensalidades de creches e ATLS; livros e material escolar, etc.), despesas que os agregados familiares não conseguem suportar por si mesmos. Nos últimos 4 anos a Cáritas apoiou mais de mais de mil crianças através deste programa que é financiado por doadores particulares.
A Cáritas não pode deixar passar esta efeméride sem deixar um apelo às autoridades internacionais e nacionais para que acelerem os processos administrativos, evitando burocracias que apenas servem para impedir que se salvem as crianças refugiadas que se encontram, há demasiado tempo, algumas desacompanhadas, e, assim, alvo fácil de negociantes de tráfico humano, a aguardar refúgio em países que lhes ofereçam maior proteção e dignidade de vida.
[1] UNICEF Portugal, 2013. As Crianças e a Crise em Portugal – Vozes de Crianças, Políticas Públicas e Indicadores Sociais.
[2] INE, 2014. Rendimento e Condições de Vida 2014.
[3] Ibid.