Beato Óscar Romero foi assassinado há 37 anos
A Cáritas Portuguesa invoca a memória de um dos padroeiros da Cáritas a nível internacional. Foi um homem que, pela palavra e, sobretudo, pelo testemunho potenciado pelo martírio do assassinato de que foi alvo, por defender os “sem voz e sem lugar”, prestigiou a missão da Igreja. Trata-se de Óscar Romero que nasceu na Ciudad Barrios, em El Salvador, a 15 de agosto de 1917, numa família de humildes origens. Foi padre e bispo, tendo terminado a sua missão na terra como arcebispo de San Salvador, a 24 de março de 1980, há precisamente 37 anos.
Nesse dia, foi assassinado quando celebrava a eucaristia, por um atirador de elite do exercito salvadorenho. Mataram-no para o fazer calar, porque incomodava o poder politico, militar e capitalista do seu país. Óscar Romero denunciava, nas suas homilias dominicais, as numerosas violações de direitos humanos em El Salvador e manifestou, publicamente, a sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da Guerra Civil de El Salvador, expressando, com toda a sua vida, uma “opção preferencial pelos pobres”. Durante os anos em quem que esteve à frente da diocese denunciou, repetidamente, os atos de violência do exército e deu a sua voz às vítimas da guerra civil. “Como pastor, estou obrigado, por mandato divino, a dar a vida pelos que amo, por todos os salvadorenhos”. Esta é uma, entre muitas, afirmações que demonstram ter sido um homem e um cristão de coragem, deixando para o mundo e para a Igreja um testemunho de perseverança na luta pelos Direitos Humanos. Mesmo sabendo que a sua vida corria perigo, porque foi vitimas de muitas ameaças, nunca baixou os braços, antes pelo contrário: “Se chegarem a cumprir as ameaças, desde já ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador”.
A sua morte provocou uma onda de protestos pelo mundo e pressões internacionais, apelando a reformas em El Salvador. Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de março como o Dia Internacional pelo Direito à Verdade acerca das Graves Violações dos Direitos Humanos e à Dignidade das Vítimas em reconhecimento pela atuação de Óscar Romero na defesa dos direitos humanos. Em 2015, o papa Francisco aprovou o decreto de beatificação de Óscar Romero, reconhecendo-o como mártir. A solenidade de beatificação realizou-se, no dia 23 de maio de 2015, na capital salvadorenha e foi presidida pelo cardeal Ângelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Durante a cerimónia, Ângelo Amato afirmou que “a memória de Óscar Romero ainda está viva dando conforto aos pobres e marginalizados”, e que “Romero foi a luz do mundo e o sal da terra, pois, os seus perseguidores desapareceram e foram esquecidos, mas Dom Óscar Romero continua a iluminar os pobres e marginalizados”.
Como defensor dos mais pobres e vulneráveis, a Cáritas, em todo o mundo, revê-se no testemunho de Romero e inspira-se na sua ação como promotor de paz. Pela forma como que sempre se manteve firme e como sempre mostrou solidariedade com os injustiçados e vulneráveis, lutando ao seu lado pela justiça e pela liberdade. Esta atitude está bem expressa, ao afirmar, perentoriamente: “Quem estiver em conflito como meu povo, estará em conflito comigo.”
Para os dias de hoje, Óscar Romero continua a ser um modelo de vida para todos os homens e mulheres de boa vontade. Foi isso que ele desejou ou afirmar que a sua morte seria “semente de liberdade e sinal de esperança”.
Assim será! Basta que cada um dos seres humanos assuma um pouquinho da coragem e esperança de Romero.