Fome e saúde na Venezuela preocupam Cáritas Portuguesa
A Cáritas Portuguesa está preocupada com a atual situação da Venezuela de onde diariamente chegam alertas para ao aumento do número de crianças a passar com fome e de doentes sem acesso a medicamentos, para além, dos muitos relatos de violência que estão a afetar, entre outros, a comunidade portuguesa.
Em contacto com a sua congénere Venezuelana, a Cáritas Portuguesa já ofereceu a sua solidariedade e disponibilidade para ajudar a população daquele país, sobretudo os mais necessitados. Está também em contacto com a Caritas Internationalis que se prepara para acionar os mecanismos de apoio para os quais se conta, uma vez mais, com as comunidades cristãs e toda a população portuguesa. Desde já, a Cáritas Portuguesa apela às autoridades nacionais para que também elas acompanhem a situação precária desta população, nomeadamente, dos concidadãos emigrados e que intensifique os seus contatos com instâncias internacionais que levem os governantes venezuelanos a respeitar os Direitos Humanos e as Convenções Internacionais que os defendem e garantem. A Cáritas Portuguesa faz ainda um veemente apelo ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, para que não abrande os seus esforços pela reposição da democracia na Venezuela.
A Cáritas da América Latina e Caribe divulgou ontem, 24 de maio, uma mensagem do seu presidente D. José Luís Azuraje, na qual o bispo venezuelano apela à comunidade internacional para que ajude o país a reencontrar o seu caminho democrático e a recuperar a dignidade do seu povo. D. José Azuraje lembra que a Venezuela é um país com muitas potencialidades económica que está refém de uma politica que veio por em causa a liberdade individual dos seus cidadãos e, consequentemente, o seu bem-estar social e a sua subsistência: “pedimos a ajuda da comunidade internacional para que através dos seus instrumentos diplomáticos possa contribuir para criar um caminho através do qual se abram possibilidades de restaurar a democracia no nosso país”. “A Venezuela está, neste momento, a viver uma crise económica, politica e social. Esta situação está a causar ao nosso povo um sofrimento que nunca antes tínhamos vivido na nossa democracia. O governo levou avante a sua vontade de modificar todas as estruturas e regras já estabelecidas na nossa sociedade e fê-lo de uma forma que é estranha ao povo venezuelano, ou seja, pela dominação e pela repressão. Neste momento o povo enfrenta uma situação muito difícil que afeta a sua liberdade individual e a sua própria subsistência. Existem atualmente graves constrangimentos na capacidade de abastecimento e de acesso a alimentos e medicamentos. “
Os relatos de D. José Luis Azuraje vêm sublinhar os apelos já deixados pela diretora-geral da Cáritas Venezuelana, Janeth Márquez, que no inicio desta semana divulgou um relatório segundo o qual, neste momento, 11,4 por cento das crianças com menos de 5 anos sofre de má nutrição grave. Recorde-se que o limiar de crise da Organização Mundial de Saúde para a malnutrição infantil é de 10 por cento. “O sistema de saúde entrou em colapso. Os hospitais estão a ficar sem medicamentos, há doenças a serem transmitidas por mosquitos, incluindo zika, dengue e malária, o que se reflete num aumento drástico da taxa de mortalidade infantil e materna”. D. José Azuraje refere também a situação vivida pelos doentes crónicos, nomeadamente, com cancro que deixaram de ter acesso à medicação.
“Como todos sabemos, esta situação passa-se num país que tem uma riqueza enorme em petróleo e em minerais. Mas, infelizmente, está tudo completamente centrado num governo hegemónico que está a distribuir entre si as riquezas deste país que é de todos. Por isto estamos a chamar a atenção de todos para esta situação e a apelar à solidariedade verdadeiramente fraterna para com a nossa querida Venezuela”, sublinha D. José Azuraje que lembra ainda todos os presos políticos e os que morreram na luta pela libertação do povo venezuelano: “é por tudo isto que o nosso povo está a sair às ruas e, infelizmente, isto está a trazer muitas complicações e lamentamos sobretudo a morte de muitas pessoas, assassinadas, entre elas jovens com futuros promissores.”
D. José Luís Azuraje, (video curto)
D. José Luis Azuraje, (video longo)