Siria e Iraque: 8,5 milhões de refugiados apoiados por instituições católicas
No ano de 2017 e até agora foram alocados mais de 530 milhões de dólares distribuídos pela Síria (35%), Líbano (30%), Iraque (17%) e Jordânia (15%) e outros países (3%). Estas verbas ajudaram 8,5 milhões de pessoas, nos setores da educação, ajuda alimentar e saúde. Estes são números do relatório da pesquisa sobre a resposta das instituições católicas à crise humanitária na Síria e Iraque. Os valores foram apresentados no decorrer do encontro, promovido pelo Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Integral, no Vaticano, em Roma, e que desde o dia 13 de setembro e até ao final do dia 14 de setembro, junta 150 participantes que representam várias Organizações Católicas e outas não eclesiais. A Cáritas Portuguesa está entre os participantes estando representada pelo seu presidente, Eugénio Fonseca.
Na abertura dos trabalhos, o Perfeito do Dicastério organizador, Cardeal Peter Turkson, apelou a uma reflexão concreta e à apresentação de propostas objetivas para a criação de “esforços de comunhão para se encontrarem novas formas de coordenação entre os diferentes promotores de programas de ajuda humanitária e cooperações existentes”; o Cardeal Turkson lançou o desafio de se descobrirem formas de retorno voluntário seguro dos refugiados aos países de origem”.
Incisiva e contundente foi a intervenção do Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin, recordando os constantes apelos do Papa Francisco, particularmente, os efetuados, há pouco tempo, em Bari. Parolin afirmou:
“a comunidade internacional parece estar paralisada perante a grave instabilidade que se regista nas regiões em conflito no Médio Oriente”, deixando claro, a este propósito que a Santa Sé “aposta numa solução mais global, envolvendo toda a comunidade internacional”.
Indicou um conjunto de prioridades, sintetizando-as ao pedir que “a par das ações de emergência se avance para esforços que visem a cura de feridas físicas, psicológicas e morais das populações, promovendo iniciativas de reconciliação, pois é mais difícil restaurar o tecido social do que as casa, escolas e postos de trabalho.
Por seu lado, Filippo Grandi, Comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), realçou a importância das Organizações da sociedade civil como pressão maior sobre as classes políticas de cada país, porque “migrantes e refugiados é um tema que está em todos os discursos políticos de todas as tendências”. O Comissário demonstrou a sua ‘plena convicção de que a “guerra na Síria está no seu último capítulo”. Referiu ainda que 5 a 6 milhões de deslocados estão ansiosos por regressar à Síria, mas tal não será fácil pelo medo de perseguições e porque mais de metade das infraestruturas estão destruídas, nomeadamente uma em cada três escolas já não existem”.
Pediu prudência nos programas de retorno, porque “as pessoas devem ser livres na decisão de regressar, sem pressões, aos seus países”, deixando a sua esperança de que a “reabilitação é possível, mas não pode deixar-se fora dela os mais pobres.”