Conclusões do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa
Nos dias 13 e 14 de abril de 2018, reuniu, na Diocese de Setúbal, o Conselho Geral da Cáritas Portuguesa. Estiveram representadas 17 Cáritas diocesanas, das vinte que o constituem, registando-se as ausências das Cáritas de Bragança-Miranda, Funchal e Leiria-Fátima. D. José Ornelas, Bispo Diocesano, presidiu à abertura dos trabalhos, sublinhando a forma como a Cáritas tem sido chamada, nos últimos anos, a intervir na sociedade portuguesa e lembrou que é missão da Cáritas ser “cuidadora do outro”. Evidenciou também a importância do trabalho da rede Cáritas, sem o qual se comprometerá a eclesialidade da sua missão. A este propósito afirmou: “a complexidade da miséria e da sociedade que a gere precisa de gente capacitada, profissionalizada e disposta a trabalhar em rede.” Por isso, esta missão não pode ser exercida de forma individual, nem mesmo por cada Cáritas isoladamente, mas exige que seja assumida em Igreja. Pedro Pina, vereador da Câmara Municipal de setúbal, também presente no início dos trabalhos, enfatizou a ação da Cáritas Diocesana como eficaz e indispensável parceira da autarquia no combate ao flagelo da pobreza.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, evidenciou a urgência de Portugal responder aos muitos problemas que são verdadeiramente “eutanásicos”, de forma particular, o desemprego de longa duração, o futuro dos jovens em Portugal, o difícil acesso à habitação, a inacessibilidade a cuidados básicos de saúde, a excessiva carga fiscal para as classes financeiras mais fragilizadas, insistindo na necessidade de um pacto de regime no quadro parlamentar para o que é, efetivamente, essencial no momento atual da sociedade portuguesa.
O Conselho saudou a nova direção da Cáritas Diocesana de Lisboa e agradeceu o trabalho realizado pela direção cessante. Foi também lembrada, com regozijo, a tomada de posse de D. Manuel Linda como Bispo do Porto.
O Relatório de Atividades e o de Contas da Cáritas Portuguesa, relativos ao ano de 2017, foram aprovados por unanimidade. Foram eleitos e tomaram posse os membros da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa para o triénio 2018 – 2020.
As campanhas nacionais “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz” e a “Semana Nacional Cáritas” foram analisadas nos seus aspetos conceptuais e metodológicos,tendo sido pedida maior celeridade ao grupo de trabalho na apresentação de uma proposta do manual de procedimentos para a execução destas campanhas.
O Conselho aprovou a realização de uma ação de formação que facilite a integração de novos colaboradores, voluntários ou profissionais, na rede nacional Cáritas.
Foi apresentado o decurso do projeto “Energia para todos – Sensibilização e acompanhamento da Precariedade Energética”. O projeto, desenvolvido nas dioceses de Beja, Braga, Leiria-Fátima, Santarém, Vila Real e Viseu, tem como objetivo a capacitação dos responsáveis pelos atendimentos sociais no domínio da eficiência energética e permite, também, a caracterização de pessoas e/ou famílias em situação de precariedade energética. Esta identificação permitiu consolidar a informação sobre as questões energéticas e a necessidade de reforçar o acompanhamento de pessoas, sobretudo, em situação de pobreza, possam também ter possibilidade de aceder a equipamentos elétricos e ter condições de habitação que lhes permitam decidir sobre os seus próprios consumos.
A propósito da celebração do Dia Mundial do Refugiado – 20 de junho-, a rede mundial da Cáritas vai envolver-se na dinamização de atividades durante a semana de 17 a 24 de junho pf., integradas na campanha “Partilhar a Viagem” que visa a promoção do encontro entre migrantes, refugiados e comunidades locais onde habitam. Estabelecer pontes e dar a conhecer as realidades sociais, políticas e culturais que, nos dias de hoje, são motivo de partida e de chegada de migrantes hão de servir de fundamentos às atividades que vierem a ser realizadas. “Partilhar a Viagem” é uma campanha global, promovida pela Caritas Internationalis, que decorre até ao ano de 2019 e que responde ao apelo lançado pelo Papa Francisco para a promoção da “Cultura do Encontro”.
Foi positiva a apreciação do “Plano Institucional de Resposta a Emergências e Catástrofes” que será, agora, apresentado à Conferência Episcopal Portuguesa para aprovação. Este Plano reflete a preocupação da Cáritas face a situações de emergência e assenta no trabalho realizado a partir da experiência vivida no último ano, perante as situações de incêndio vividas no verão passado. Trata-se de um instrumento de intervenção coletiva pela urgência e necessidade da Cáritas estar preparada para tornar mais eficaz e clarificada a sua ação e, naturalmente, minimizar o sofrimento das vítimas.
Foi apresentado o “Manual dos Observatórios Sociais de Pobreza”, elaborado por um grupo da Cáritas Europa que contou com a colaboração das Cáritas da Áustria, da Grécia, da Itália, do Luxemburgo, de Portugal e da República Checa. Durante dois anos este grupo de trabalho reuniu e analisou exemplos de observação da pobreza da rede Cáritas e apresenta, neste Manual, linhas orientadoras para técnicos e voluntários de atendimento social de proximidade e da análise de dados. A apresentação deste Manual esteve a cargo da Prof.ª Doutora Isabel Guerra.
Ainda neste âmbito, e integrado no Núcleo de Observação Social da Cáritas Portuguesa, foi apresentada a nova plataforma informática do Sistema de Gestão de Ação Social de Proximidade que permite a recolha, análise e tratamento de informação estatística ao nível dos atendimentos. Este foi um trabalho construído a partir do contributo da rede nacional Cáritas e revela-se um instrumento fundamental que legitima a importância desta recolha de informação e permite amplificar a voz dos mais frágeis.
As Cáritas diocesanas das áreas afetadas pelos incêndios florestais do ano passado colocaram em comum a sua ação, realçando-se a reconstrução total ou parcial de 50 habitações com 38 já entregues às famílias e 33 que o serão até maio próximo. Foram ainda comprados animais e rações, bem como construídos abrigos para os mesmos e adquiridas alfaias agrícolas.
Apresentada e apreciada a execução do Programa Prioridade às Crianças, tendo sido sugeridas melhorias para o tornar mais eficaz e melhor responder às orientações da Conferência Episcopal Portuguesa, em 2008.
D. José Traquina, que presidiu a quase todas as sessões, encerrou os trabalhos lembrando que a Cáritas é a Igreja em ação e apelou a todos os presentes que nunca esqueçam a sua identificação com o “Bom Samaritano”.
O Conselho Geral encerrou, manifestou a sua condenação pelos recentes bárbaros acontecimentos de violência na Síria, sublinhando que o recurso à guerra jamais poderá ser uma forma de resposta para os constrangimentos políticos entre as nações.