Lançamento do Livro “Mala da Partilha”
No passado dia 28 de setembro, sob organização da Cáritas Portuguesa, decorreu no Salão Nobre dos Passos do Concelho da Câmara Municipal de Santarém, o lançamento do livro “Mala da Partilha – Testemunhos de Vida de Migrantes”. Este livro, publicado no âmbito da Campanha da Caritas Internationalis “Partilhar a Viagem” lançada pelo Papa Francisco em 2017, sob o mote de “acolher, proteger, promover, integrar” os migrantes e refugiados integrou a Semana de Ação Conjunta deste ano de 2019, que se realizou de 29 de setembro, dia da Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, a 5 de outubro.
Na sessão de apresentação estiveram presentes D. José Traquina, Bispo da Diocese de Santarém e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, o presidente da Câmara Municipal de Santarém, Dr. Ricardo Ribeiro Gonçalves, a presidente da Cáritas Diocesana de Santarém, Dra. Túlia Sá Correia, o presidente da Cáritas Portuguesa, Dr. Eugénio Fonseca, a diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Dra. Eugénia Quaresma, a coordenadora do livro, Filipa Abecasis, vários migrantes e mais cerca de cinco dezenas de pessoas envolvidas nas questões sociais relacionadas com a temática dos Migrantes.
O Presidente da Câmara de Santarém, enquanto anfitrião, deu as boas vindas a todos os presentes e salientou a importância da atenção aos migrantes que tem ganho um novo impulso com as palavras e gestos do Papa Francisco.
A Presidente da Cáritas Diocesana de Santarém congratulou-se com a realização desta iniciativa em Santarém e elogiou o trabalho que tem sido desenvolvido para com os migrantes por parte da Obra Católica Portuguesa das Migrações e da Cáritas.
Por sua vez, o Presidente da Cáritas Portuguesa saudou todos os presentes, de um modo especial, os migrantes, pois, o grande objetivo da Campanha “Partilhar a Viagem”, da iniciativa “Mala da Partilha”, do livro agora apresentado, e desta Sessão, é precisamente “dar voz aos migrantes” e partilhar os seus testemunhos de vida no sentido de promover uma crescente cultura do encontro entre todas as culturas. Neste sentido, leu o testemunho inicial do livro que, de certo modo, enquadra e fundamenta todos os outros 71 testemunhos de vida de emigrantes, imigrantes e refugiados, de todas as idades.
A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações salientou a importância deste livro enquanto exercício de memória pessoal e coletiva aproveitando para ler três inspiradores testemunhos que constam no livro. Eugénia Quaresma, aproveitando ainda a presença de uma imigrante na assembleia, que também contribuiu para o livro com o seu testemunho de vida, fez-lhe algumas perguntas sobre a sua origem, motivos que a fizeram emigrar, percurso de vida, dificuldades de integração em Portugal, sonhos e anseios. Este momento traduziu-se num natural e emotivo contacto com um percurso de vida que, afinal de contas, como qualquer ser humano, tenta desbravar caminhos de felicidade, para si e para os seus, sendo motivo de quebra de preconceitos e medos e motivo de aproximação e partilha da mesma natureza humana.
Por fim, D. José Traquina, Bispo de Santarém e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, depois de saudar todos os presentes, informou, genericamente, sobre a realidade dos migrantes em Santarém que, neste momento são, sobretudo, oriundos do Brasil e da Roménia. Depois, enquadrou a temática das Migrações num cenário europeu perigoso marcado pelo egoísmo e pela indiferença, que origina múltiplos medos e vulnerabilidades, sujeitos até a várias formas de exploração e de tráfico humano. Daqui emerge a necessidade de afirmar, na linha do Papa Francisco, uma cultura de interesse pelo outro enquanto ser humano, cultivando a esperança e um novo humanismo, como pretende assinalar, simbolicamente, a Campanha do “Partilhar a Viagem”. Nessa linha, a Igreja, seja a nível universal, seja a nível regional, através de organizações como a Obra Católica Portuguesa das Migrações e a Cáritas, deve ser sinal de proximidade para com as pessoas em especial situação de vulnerabilidade. Aproveitou para expressar que a sua diocese ainda tem lacunas a nível da prestação deste serviço, de forma organizada, para com os migrantes, sobretudo, a nível da Pastoral das Migrações, Pastoral dos Ciganos e Pastoral do Turismo, assumindo, como tal, a preocupação de tentar mobilizar pessoas para a prestação destes serviços fundamentais da Igreja.
Com esta iniciativa, a Cáritas Portuguesa pretendeu continuar a promover o envolvimento das comunidades locais e migrantes, através da partilha de histórias de vida, dando a conhecer as experiências migratórias pessoais, no sentido de dar voz aos migrantes, promovendo a partilha de testemunhos de imigração e de emigração, como uma forma ativa de combater a globalização da indiferença com a globalização do encontro.