Tráfico de Seres Humanos
“O Tráfico de Seres Humanos é uma das mais graves violações de direitos humanos do século XXI. A imensidade do sofrimento físico e psicológico é tal, que os relatos das vítimas parecem muitas vezes fantasiosos. Afinal, como é que, depois de milénios de história humana, se tratam seres humanos como mera mercadoria?” Cláudia Pedra, Diretora do NSIS – Network of Stategic and Internacional Studies, uma das autoras do livro Tráfico de Seres Humanos – Testemunhos e Documentos, a mais recente publicação da Editorial Cáritas. A obra traz ao de cima a voz de várias vítimas de tráfico humano, vividas nos mais variados contextos. “Há diversos tipos de traficantes, diversos tipos de vítimas, diversos tipos de motivações e interesses, diversos tipos de clientes.”
Júlia Bacelar, diretora do CAVITP respondeu ao desafio do Forum Abel Varzim, promotor da iniciativa de publicação desta obra, sublinhou a importância de combater o tráfico de seres humanos a partir do universo de cada comunidade: “o tráfico de seres humanos é um crime que afeta tudo e todos. Está enraizado no tecido social no seu todo”.
A obra teve prefácio de D. José Traquina, Bispo de Santarém e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, para quem este livro e os diversos testemunhos que nele se apresentam, “constituem um interessante conteúdo para reflexão a partilhar em grupo, sem esquecer os jovens a quem não se deve esconder as diversas promessas e seduções utilizadas pelos traficantes e exploradores de seres humanos. A maior parte das vítimas têm entre 14 e 26 anos. Muitas vezes a situação acontece à nossa frente e não vemos. Primeiro, porque temos preconceitos. As pessoas acham sempre que as vítimas são ignorantes, muito pobres, ingénuas, vindos de países em desenvolvimento, oriundos de uma aldeia qualquer. A verdade é que essas pessoas são traficadas. E tende a aumentar o número de pessoas instruídas apanhadas por essas redes.
D. José Traquina fala do “medo” como um dos principais fatores de “prisão” para a pessoa traficada. “Medo pelas consequências de represálias na sua própria vida e medo pelas consequentes ameaças aos seus familiares. O medo é diabólico, tolhe a pessoa traficada e escravizada e deixa-a sem capacidade de mudança de estatuto social. Porém, existem exceções e este livro oferece-nos interessantes testemunhos de quem conseguiu coragem para enfrentar o demónio escravizador da vida.”
Então como podemos impedir as pessoas de diariamente caírem nas mãos de traficantes?
Cláudia Pedra deixa uma palavra final que é peremptória: “Com conhecimento”
“A mais poderosa das armas é a disseminação de informação valiosa que nos ajuda a proteger dos namorados falsos, das agências controladas por traficantes e das falsas ofertas de emprego. Garantir que há comunidades locais informadas, sensibilizadas e com agentes-chave informados. Só assim poderemos criar comunidades hostis ao tráfico e multiplicá-las, de tal modo que deixem de haver sítios onde os traficantes possam operar com impunidade.”
A apresentação da obra aconteceu no dia 28 de março, em Lisboa, no espaço Santa Catarina, da Junta de Freguesia da Misericórdia, onde estive presente D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Traquina, autor do prefácio, e os restantes autores bem como muitos dos que diariamente, em Portugal, estão envolvidos no trabalho de combate ao tráfico de seres humanos. Neste dia foi ainda apresentado o mais recente documento da Secção Migrantes e Refugiados da Santa Sé, com as Orientações Pastorais sobre o Tráfico de Pessoas.
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