“Trajetórias Escolares Improváveis”
Este trabalho “pretende ser uma obra de acesso aos curiosos e interessados no tema (Educação) contrariando algumas ideias pré-concebidas sobre a educação superior e os estudantes economicamente carenciados. Elsa Rocha Justino apresenta assim a mais recente publicação apresentada ao público pela Editorial Cáritas. “A obra apresenta uma breve exposição teórica, mas o principal objetivo, é ajudar o leitor a compreender as realidades sociais singulares dos estudantes do ensino superior” sublinha Elsa Rocha.
São tratadas em forma de “retratos singulares”, 18 entrevistas a estudantes do primeiro ano, matriculados e inscritos na UTAD, com um denominador comum: Alunos com médias de ingresso na UTAD superiores a 16 valores e pais pouco escolarizados.
Quando questionada sobre como surge o interesse em apresentar estas “Trajetórias Escolares Improváveis” e que contributos pode apresentar esta obra para o contexto do Ensino Superior em particular e para a sociedade em geral, a autora, explica: “É uma realidade que a chegada ao ensino superior, é feita de múltiplas barreiras e que nem todos os estudantes partem do mesmo ponto de partida, não partem dotados com os mesmos “meios”, não tiveram um percurso com as mesmas possibilidades objetivas (económicas, sociais ou culturais). Há estudantes que aparentemente estão em desvantagem, pela ausência relativa de capital (económico e cultural) herdado, muito embora, não se possa afirmar que existem famílias completamente desprovidas de capital social ou cultural.”
Pelas entrevistas realizadas aos estudantes selecionados, pode concluir-se que, nestes casos, existe um percurso escolar muito bem capitalizado e que atinge a meta de chegada ao ensino superior, contrariando o que dizem as estatísticas. Elsa Rocha não deixa de sublinhar o caracter vivido e testemunhal do trabalho realizado: “Este livro conta-nos as suas histórias. Entre a escola e a família, partindo de uma origem familiar desfavorecida ou em desvantagem, os estudantes dão-nos pistas de como conseguiram inverter essa tendência, transformando as dificuldades das suas vidas quotidianas em resultados académicos de excelência.” O fio condutor da obra são os retratos nas suas diferenças, contradições e singularidades, que permitirá ao leitor atento, interpretar a espessura do social.
Universidade de Trás os Montes e Alto Douro: Responsabilidade Social
Para o reitor da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Fontaínhas Fernandes, o conceito de responsabilidade social universitária tem vindo a desenvolver-se nas instituições, integrado no debate sobre competitividade e sustentabilidade do ensino superior, sendo, inclusive utilizado para defender valores comuns e aumentar o sentido de solidariedade e coesão nas universidades.
Este entendimento é uma evolução do que antigamente designávamos de “extensão universitária”, sendo uma aposta na universidade como instituição que quer influenciar o meio social, muito em particular, a parceria com as instituições sociais. Através da divulgação e implementação de quatro áreas fundamentais de atuação, a que correspondem os respetivos impactos: ensino, investigação, ligação à comunidade e gestão interna, a UTAD elegeu como prioridades a promoção e o respeito pelo ambiente e o envolvimento social no território.
Sobre a relação com a Editorial Cáritas, António Fontaínhas Fernandes, não hesita: “é fundamental orientar toda a instituição para aprender não apenas com o conhecimento formal ou livresco, mas com o conhecimento da prática. A Cáritas Portuguesa, é uma dessas instituições que nos ensinam como ler a realidade social e, de forma reflexiva, devolve à Universidade esse conhecimento fundamental baseado na ação.
Na sua “linha mestra” a Editorial Cáritas procura dar a conhecer textos fundadores e autores imprescindíveis do pensamento social cristão e, por outro lado, no qual se enquadram obras como “Trajetórias Escolares Improváveis”, afirmar que o pensamento social cristão continua vivo e ensaia novos caminhos de compreensão das realidades de hoje e da novidade que elas comportam. Quem o explica é o Pe. José Manuel Pereira de Almeida, numa entrevtsa recente sobre a apresentação da linha mestre da Editorial Cáritas.