Ação social caritativa faz parte da “natureza íntima da Igreja”
Nota da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana
da Conferência Episcopal Portuguesa
Ao darmos início à Semana Santa, dirigimos uma palavra a todas as pessoas especialmente envolvidas na Pastoral Social.
Na circunstância em que nos encontramos, resultante da pandemia do coronavírus que provoca a doença Covid-19, as celebrações da Páscoa irão acontecer privadamente sem as assembleias de fiéis, como é habitual. Estamos certos de que ninguém ficará fora das intenções de oração que serão feitas nestes dias, como já vem acontecendo.
Queremos, agora, salientar, valorizar e agradecer o esforço demonstrado por muitas pessoas, profissionais e voluntárias nas Instituições de Solidariedade Social, nas Misericórdias, Cáritas, Vicentinos e outros grupos sócio caritativos. Sublinhamos o redobrado esforço das Instituições Sociais que, com menos colaboradores, conseguiram assegurar a distribuição de refeições ao domicílio, aos utentes que antes apoiavam em Centro de Dia.
Sublinhamos, também, o esforço das Cáritas Paroquiais, Conferências Vicentinas e outros grupos sócio caritativos das paróquias, normalmente assegurados por voluntários/as, pessoas reformadas aconselhadas, nesta altura, a resguardarem-se. Mesmo assim, estes organismos mantiveram o apoio a pessoas e famílias necessitadas, socorrendo-se da ajuda das Autarquias e de pessoas mais jovens, onde se contaram, também, escuteiros católicos.
Salientamos, com elevado apreço, o desempenho da missão assumida pelos autarcas. Muitos Presidentes de Câmaras Municipais e Presidentes de Juntas de Freguesia assumiram pessoalmente a coordenação de assistência social das suas respetivas áreas geográficas, para que nenhuma pessoa ficasse sem o apoio necessário.
Registamos, ainda, e com gratidão, o testemunho dos médicos e enfermeiros, onde também se encontram católicos, na sua entrega a cuidar da saúde das pessoas nos hospitais, noutras instâncias de saúde e nos Lares de pessoas idosas. Sabemos também que os padres Capelães dos Hospitais e Capelães dos Estabelecimentos Prisionais estão a assegurar a assistência possível de acordo com a circunstância e prudência aconselhada.
Finalmente, informamos que já começaram a aparecer nas Dioceses sinais de dificuldade económica, por parte de algumas famílias, como efeito social da Pandemia. Neste sentido, contamos com a Cáritas e outras Instituições da Igreja para uma resposta organizada ao aumento de dificuldades sociais que se adivinham.
A celebração do Tríduo Pascal é o centro anual das celebrações litúrgicas da Igreja. Mas a ação caritativa da Pastoral Social não é um apêndice, faz parte da “natureza íntima da Igreja” (Papa Bento XVI). Por isso, com os condicionalismos previstos, celebraremos a Páscoa, não esquecendo os migrantes, as pessoas com deficiência, os doentes, os pobres, as famílias enlutadas e todos os que estão envolvidos na Pastoral Social.
Deus abençoe todas as pessoas envolvidas na resposta ao efeito da Pandemia.
Santarém, 04 de abril de 2020
+ José Traquina,
presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana