Juntos por Cabo Delgado
Estima-se que atualmente haja cerca de 250.000 deslocados internos das zonas/comunidades atacadas pelos insurgentes no norte da província de Cabo Delgado. Estes encontram-se dispersos por toda a província de Cabo Delgado e províncias vizinhas, mas também num campo de deslocados internos, em Metuge, a cerca de 40 km da cidade de Pemba.
Perante tal situação, e tendo em consideração as diversas manifestações de interesse para contribuições por parte de pessoas de boa vontade, a Cáritas Portuguesa, através do Centro Missionário, da Arquidiocese de Braga, participa na campanha “Juntos por Cabo Delgado”, lançada em julho pela Diocese de Pemba (que corresponde geograficamente com a Província de Cabo Delgado), em parceria com a rede Cáritas em Moçambique e a Universidade Católica de Moçambique.
Os parceiros desta campanha em Portugal são: Fashion Education One Work, Infância Missionária de Balasar, LIAM, Leigos Boa Nova, Associação Regina Mundi, Missionários Combonianos, Missionários do Espírito Santo, Missão (A)mares, Mosaico, Mundo Posible, O melhor de nós, Rosto Solidário e Sociedade Missionária da Boa Nova.
A Diocese de Pemba, e o seu responsável direto, o bispo D. Luiz Fernando Lisboa, em colaboração com a Cáritas Diocesana de Pemba e com organizações locais e internacionais, estão a trabalhar com estas comunidades procurando diariamente manter a dignidade das pessoas afetadas e dar-lhes esperança.
As contribuições serão geridas pela Diocese de Pemba para o que esta considerar mais premente, nomeadamente na formação de ativistas em apoio psicossocial para trabalhar com os deslocados com maiores traumas; no apoio ao campo de refugiados de Metuge com alimentos, esteiras (camas), agasalhos; no apoio às famílias e comunidades que acolhem famílias de deslocados.
Recorde-se que a Cáritas Portuguesa está a acompanhar a população de Moçambique, com a Cáritas Moçambicana, desde a passagem dos ciclones Idai e Keneth. Cabo Delgado foi uma das regiões que mais sofreu os efeitos do ciclone Keneth, em abril de 2019, tendo destruído casas e plantações, afetando 254.570 pessoas. As chuvas do final de 2019 e início de 2020 inundaram as lavouras e mais da metade da produção foi perdida. A somar a tudo isto está a COVID-19 que tem dificultado o trabalho de ajuda humanitária, que há meses representa 80% do trabalho da Diocese de Cabo Delgado.
A Cáritas continua a trabalhar localmente no apoio a 970 famílias que, depois de estarem nos campos de refugiados criados nas áreas seguras da província, receberam do governo local um pedaço de terra para fazerem as suas casas e poderem cultivar a terra. Esta é a única ajuda que tiveram para começar uma nova vida depois de meses de medo, cansaço e desesperança.”
Para poder dar continuidade e levar o seu apoio a mais famílias, a Cáritas Portuguesa, juntamente com a Cáritas Espanhola, inicia um novo ciclo de trabalho em parceria com a Cáritas Diocesana de Pemba. Este apoio passa pela distribuição de alimentos às famílias afetadas pelo conflito no norte de Moçambique nos distritos de Ancuabe, Chiure e Namuno; distribuição de sementes e ferramentas para que os deslocados internos possam retomar o plantio de alimentos; distribuição de materiais de costura e carpintaria para famílias que já exerciam este ofício nos bairros de origem. Estaremos também a promover apoio psicossocial às vítimas dos conflitos armados. Numa resposta direta à COVID-19 será feita a instalação de sistemas de lavagem das mãos e uma campanha de sensibilização e divulgação de meios de proteção e prevenção da COVID-19.
Desde março de 2018 que a Cáritas Portuguesa está a acompanhar as famílias vítimas dos Ciclones Idai e Keneth. O ciclone Idai atingiu, de forma severa, a região central de Moçambique. Segundo dados do Instituto Nacional de Calamidades de Moçambique, a 18 de abril, existiam 603 mortes registadas, mas estima-se que terão sido mais de 1 000 as vítimas mortais do Ciclone Idaí e, mais tarde, do Ciclone Kenneth.
As Regiões Central e Norte de Moçambique estavam já em emergência desde 5 de março de 2019, devido às cheias e a Cáritas estava já no terreno em resposta as estas populações. A passagem dos dois ciclones veio agravar esta situação e para além das vítimas humanas, causou interrupções no fornecimento de energia, nas comunicações em grande escala e cortou as redes rodoviárias.
A Cáritas Moçambicana, através da rede internacional, lançou um alerta a todas as congéneres solicitando ajuda para intervir de forma rápida junto da população. Neste contexto, resolveu a Cáritas Portuguesa, realizar uma Campanha – “Cáritas Ajuda Moçambique”. Com esta Campanha a Cáritas Portuguesa apoiou a população afetada pelos Ciclones num total de 540.667,15€, que contribuíram para ajudar mais de 7 mil famílias nas Dioceses de Chimoio, Quelimane e Beira, com produtos de higiene, produtos alimentares, abrigos seguros, ferramentas agrícolas e sementes e reconstrução de habitações.